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Migrantes detidos no Iêmen morrem “em condições desumanas” BR

Conflito no Iémen já dura cinco anos.
Ocha/Giles Clarke
Conflito no Iémen já dura cinco anos.

Migrantes detidos no Iêmen morrem “em condições desumanas”

Direitos humanos

Organização Internacional para Migrações está alarmada com relatos de pessoas com doenças preveníveis, baleadas e sofreram com outros tratamentos desumanos em centros de detenção improvisados; conflito no país já dura cinco anos.  Organização Internacional para Migrações está alarmada com relatos de pessoas com doenças preveníveis, baleadas e sofreram com outros tratamentos desumanos em centros de detenção improvisados; conflito no país já dura cinco anos. 

A Organização Internacional para Migrações, OIM, está monitorando as condições de cerca de 5 mil migrantes do Chifre da África que estão detidos em dois estádios esportivos e um acampamento militar, em diferentes regiões do Iêmen. 

A agência da ONU diz estar alarmada com relatos de que migrantes estariam morrendo com doenças preveníveis, sendo baleados e sofrendo com outros tratamentos desumanos nos centros de detenção improvisados.

Complicações

A OIM foi informada de que pelo menos oito migrantes teriam morrido devido a complicações relacionadas à diarreia aguda no hospital IBN Khaldoon. O local se situa na província de Lahj.

A maioria dos migrantes são da Etiópia e estão em um campo militar onde mais de 1,4 mil pessoas foram detidas.

Autoridades do campo relataram que foram detectados pelos menos 200 casos de diarreia aguda. A OIM está estabelecendo um local de tratamento para o problema no hospital Ibn Khaldoon. O local estaria com dificuldade de lidar com 53 casos da doença, sendo oito deles severos.

Nesta terça-feira, 14 migrantes com sintomas da doença foram levados para um estádio onde a OIM fornece assistência essencial.

Tratamento

Desde 26 de abril, a equipe de saúde da agência da ONU já realizou mais de 1.000 consultas no local e agiu rápido para garantir que os pacientes fossem evacuados para um hospital próximo.

I am deeply saddened by the deaths of 8 migrants who were among thousands currently being held in deplorable conditions across #Yemen. We have decried this policy and urge authorities to take a humane approach to irregular migration.https://t.co/eZ97SDhIry pic.twitter.com/7jtKXlWbfi

— Mohammed Abdiker (@AbdikerM) May 2, 2019

Em Genebra, o diretor de Operações e Emergências, Mohammed Abdiker, disse estar “profundamente triste com a morte dos oito migrantes, que estavam entre os milhares de migrantes que estão sendo detidos em condições deploráveis pelo Iêmen.”

Abdiker acrescentou que a agência “denunciou essa política às autoridades, fazendo um apelo para que elas adotem uma abordagem humana para a migração irregular”.

A equipe da OIM em Áden também foi informada da prisão e detenção em massa de milhares de migrantes no dia 21 de abril. Eles teriam sido encontrados em prédios apertados e inadequados para a habitação humana.

Catástrofe

Abdiker observou que esses migrantes "têm, na melhor das hipóteses, acesso limitado a serviços básicos ou proteção".

Ainda segundo a OIM, na terça-feira, guardas teriam atirado em migrantes detidos no estádio esportivo de Áden. Dois deles teriam sido atingidos, sendo que um adolescente pode ter ficado paralítico.

Para Abdiker, isso “demonstra a “incapacidade das autoridades de cuidar da população detida em expansão, assim como a necessidade imediata de ter uma autoridade civil dedicada a gerenciar humanamente esses locais.”

O representante acrescentou que as equipes da agência “puderam observar que, sem garantir acesso imediato a alimentos suficientes, água potável, saneamento seguro e atendimento médico, uma catástrofe estava à beira de acontecer.”

Inocentes

O diretor disse ainda que está “muito preocupado que esta situação terrível se deteriore ainda mais". Segundo Abdiker, a equipe da OIM “no terreno tem feito avanços com representantes locais entre os diferentes níveis de governo.”

Para ele, “é hora de ver essas palavras se transformarem em ações que ponham fim a esse abuso antes que mais vidas inocentes sejam perdidas ”.