Ciclone Kenneth em Moçambique: “Algumas aldeias parecem ter sido demolidas”
Constatação é de grupo que inclui pessoal das Nações Unidas; funcionários humanitários alertam sobre futuras interrupções da operação humanitária por causa das fortes chuvas que afetam a província de Cabo Delgado, no extremo norte do país.
Um grupo de avaliação que envolveu integrantes das Nações Unidas aponta que “algumas aldeias parecem ter sido demolidas” na sequência da passagem do ciclone Kenneth pelo norte de Moçambique.
Pelo menos 37 mil pessoas estão vivendo em centros de acomodação após a destruição de suas áreas de residência. As autoridades moçambicanas anunciaram que o ciclone matou pelo menos 38 pessoas em Moçambique e outras quatro nas ilhas Comores.
COBERTURA ESPECIAL: TEMPORADA DE CICLONES EM MOÇAMBIQUE
Saúde
Em território moçambicano, cerca de 35 mil e casas 200 salas de aula sofreram danos devido ao fenômeno. Pelo menos 14 unidades de saúde também foram afetadas pelo ciclone que ocorre no mês a seguir ao ciclone Idai que afetou o centro do país.
Nesta terça-feira, a pausa das fortes chuvas na capital da província de Cabo Delgado, Pemba, permitiu a ação de funcionários humanitários que atuaram com urgência na preparação de voos para distribuição de ajuda.
O Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, anunciou que foram transportados suprimentos médicos para a ilha de Matemo, uma das áreas mais atingidas pelo mau tempo.
Uma equipe de emergência prosseguirá com a avaliação de danos e necessidades enquanto for possível, porque se esperam mais chuvas nos próximos dias “que podem interromper a operação de resposta”.
Hoje estivemos em Matemo, umas das áreas mais afetadas pelo #CycloneKenneth em #Moçambique.
— OCHA Southern & Eastern Africa (@UNOCHA_ROSEA) April 30, 2019
Com mais de 80% das casas destruídas, a população precisa urgentemente de ajuda.
Assista nosso colega @savianoabreu explicando a situação. pic.twitter.com/Pokn1NhWXY
Acompanhamento
A Organização Mundial da Saúde, OMS, disse estar preocupada com o aumento dos riscos de cólera e malária com a continuação das chuvas. Estas doenças são endêmicas nas áreas afetadas, por isso o contato entre a agência e as autoridades de saúde de Cabo Delgado para o acompanhamento da situação em Cabo Delgado.
A OMS enviou especialistas que incluem um médico, um epidemiologista e técnico de logística. Em parceria com o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, já são enviados suprimentos médicos como tendas, material médico e de purificação de água.
O Programa Mundial de Alimentação, PMA, adicionou dois helicópteros às ações de resposta para o transporte de mercadorias de socorro para áreas remotas e isoladas através do centro de operações em Pemba.
No domingo, o coordenador de Assistência de Emergência colocou US$ 10 milhões ao dispor de Moçambique e US$ 3 milhões para Comores para a distribuição de alimentos essenciais, abrigos, serviços de saúde, e água e saneamento aos necessitados. A ONU alerta que são necessários mais recursos para uma resposta adequada.
Resposta
As Nações Unidas disseram ter recebido menos de 30% do valor do Plano de Resposta Humanitária de Moçambique que totaliza U$ 337 milhões.
Estimativas preliminares do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Ingc, indicam que mais de 163 mil pessoas foram afetadas pelo ciclone Kenneth em nove distritos da província de Cabo Delgado e cinco de Nampula.