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Ciclone Kenneth leva ONU a desembolsar US$ 13 milhões para apoiar vítimas BR

Deslizamentos de terra são temidos no bairro de Mahate, em Pemba, depois que o ciclone Kenneth varreu Moçambique.
Ocha/Saviano Abreu
Deslizamentos de terra são temidos no bairro de Mahate, em Pemba, depois que o ciclone Kenneth varreu Moçambique.

Ciclone Kenneth leva ONU a desembolsar US$ 13 milhões para apoiar vítimas

Ajuda humanitária

Fundo deve ajudar a assegurar alimentos essenciais, abrigo, saúde e água;  Moçambique tem 18 mil deslocados abrigados em centros de acomodação; tempestade sem precedentes matou pelo menos trinta e oito pessoas.

As Nações Unidas colocaram  US$ 13 milhões ao dispor de agências humanitárias para os afetados pelo ciclone tropical Kenneth nas ilhas Comores e em Moçambique.

O valor anunciado pelo coordenador Humanitário, Mark Lowcock, faz parte do Fundo Central de Resposta a Emergências, Cerf. A prioridade é garantir a oferta de alimentos essenciais, abrigo, saúde e água.

Muitas comunidades foram completamente destruídas no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, pelos efeitos do ciclone Kenneth em Moçambique.
Muitas comunidades foram completamente destruídas no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, pelos efeitos do ciclone Kenneth em Moçambique., by Ocha/Saviano Abreu

Tempestade

A área mais afetada pelo ciclone Kenneth é a província moçambicana de Cabo Delgado, no norte. Pelo menos trinta e oito pessoas morreram devido ao evento, que é considerado uma das mais fortes tempestades a atingir o país.

Falando à ONU News, de Pemba, o governador da província de Cabo Delgado, Júlio Parruque, disse que a exposição da área à costa requer uma melhor adaptação aos efeitos de fenômenos naturais.

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Resiliência 

“Nós estamos diante de um evento extremo da natureza. Tivemos a previsão meteorológica e o Instituto Nacional de Meteorologia comunicou. Nós ampliamos esta informação para a nossa população. Por isso tivemos algumas medidas fortes de precaução. Entretanto, com o impacto que foi bastante expressivo deste fenómeno nós precisamos de nos manter bastante unidos, vigilantes e serenos para nos precavermos ainda mais porque precisaremos, naturalmente, de nos organizar melhor, de nos estruturar para reagir a este impacto. E logo a seguir, nos prepararmos ainda mais para a resiliência.” 

Mais de 18 mil deslocados pelo ciclone estão abrigados em centros de acomodação em Moçambique. As chuvas intensas continuam após pelo menos 4 mil casas terem sido destruídas, além de escolas e unidades de saúde danificadas.

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 O ciclone Kenneth passou pela região no fim da estação chuvosa, quando os níveis do rio já estavam altos. Segundo a ONU, as fortes chuvas previstas nos próximos dias podem piorar a situação.

A organização alerta para o alto risco de inundações e deslizamentos de terra. Os efeitos do Kenneth podem provocar o dobro da chuva do ciclone Idai no mês passado nas áreas afetadas.

Intensidade

O ciclone Kenneth é considerado incomum pelo fato de fenômenos similares nunca terem atingido o norte com tanta intensidade. Outro aspeto preocupante é o fato de ter atingido distritos afetados pela insurgência nos últimos dois anos.

Nessas áreas, o programa Mundial de Alimentação, PMA, anunciou que tem trabalhado com o governo para apoiar os deslocados internos.

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Nas ilhas Comores, ocorreu a destruição total e parcial de mais de 3,5 mil casas, perda de eletricidade, bloqueios de estradas e pelo menos uma ponte caiu. Escolas e centros de saúde também sofreram danos.

Risco

O ciclone causou até agora o deslocamento de pelo menos mil pessoas no arquipélago. O governo comoriano estima que 680 mil pessoas possam estar em risco.

Não houve relatos de danos causados pelo ciclone na Tanzânia, mas as chuvas, inundações e deslizamentos de terra nas regiões de Mtwara e Lindi colocam o país em alerta.