Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU reúne centenas de indígenas em Fórum Permanente 

O chefe da Nação Onondaga,Tadodaho Sid Hill, abriu o encontro na Assembleia Geral
ONU News/Elizabeth Scaffidi
O chefe da Nação Onondaga,Tadodaho Sid Hill, abriu o encontro na Assembleia Geral

ONU reúne centenas de indígenas em Fórum Permanente 

Direitos humanos

Encontro de duas semanas tem como lema “Conhecimento tradicional dos povos indígenas: geração, transmissão e proteção”; presidente da Assembleia Geral reitera “dívida histórica” para com esses povos; Brasil tem vários representantes no evento.

A 18ª sessão do Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas começou esta segunda-feira na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, com uma cerimônia na Assembleia Geral. O evento termina a 3 de maio.

Durante duas semanas, centenas de representantes discutem os desafios dos povos indígenas de todo o mundo. Entre os principais temas, estão os direitos humanos, econômicos, sociais e culturais desses grupos.

Sara Yawanawa é uma jovem liderança indígena representante da Associação Sociocultural Yawanawa
Sara Yawanawa é uma jovem liderança indígena representante da Associação Sociocultural Yawanawa. Foto: Acervo Pessoal

Brasil

A integrante da comunidade indígena Yawanawa, Sara Yawanawa, no estado do Acre, no Brasil, é uma das participantes. A representante da associação sociocultural Yawanawa ASCY disse à ONU News que a partilha de experiências internacionais fortalece a causa de seu povo.

“É uma troca de experiências muito grande. Isso nos fortalece, nos fortalece como indígenas, para lutar pelos nossos direitos. A gente consegue ver que os problemas não são os mesmos, são parecidos, mas a gente está junto nessa luta. É a partir daí que a gente se fortalece, para cada um lutar pelos seus direitos, pela sua comunidade, não importa se é no Brasil se é noutro país. A gente está junto lutando pelo mesmo objetivo.”

 

 

 

Crianças da Nação Onondaga atuaram na abertura do Fórum na Assembleia Geral
ONU News/Predrag Vasić
Crianças da Nação Onondaga atuaram na abertura do Fórum na Assembleia Geral

Direitos

A presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa, discursou na abertura do encontro.

Espinosa disse que a aprovação da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, em 2007, é um momento central, mas que ainda existem desafios na sua implementação.

A representante afirmou que ainda muito precisa ser feito para fechar essas lacunas e que o mundo tem “uma dívida histórica para com os povos indígenas”.

A presidente da Assembleia Geral lembrou que 15% das pessoas mais pobres do mundo são indígenas e que sua inclusão plena é crucial para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.

Espinosa também chamou a atenção para a situação das mulheres destes grupos, dizendo que enfrentam múltiplas formas de discriminação e violência. Segundo ela, as mulheres indígenas são agentes fundamentais de mudança para combater a pobreza e a fome.

Tweet URL

Conhecimento

O tema do encontro desse ano é a “Conhecimento tradicional dos povos indígenas: geração, transmissão e proteção”.

Espinosa afirmou que “o conhecimento tradicional dos povos indígenas, como um todo, desempenha um papel central nas ações de mitigação e combate às mudanças climáticas.”

A representante também pediu mais progressos na implementação do Ano Internacional das Línguas Indígenas, como parte dos esforços para preservar esses conhecimentos.

Proteção

Na abertura do encontro, Anne Nuorgam, da Finlândia, foi eleita presidente desta 18ª sessão do fórum.

Nuorgam disse que o tema desse ano é “uma oportunidade para compartilhar as inovações e práticas desenvolvidas por essas comunidades ao longo dos séculos e milénios.”

A representante afirmou que “o conhecimento tradicional está no centro da identidade, da cultura, das línguas, da herança e das formas de sobrevivência, e tem de ser protegido.”

Segundo ela, “histórias globais de colonialismo, exploração e desapropriação continuam minando e desvalorizando o conhecimento tradicional.” Para Nuorgam, “entender o passado e buscar a reconciliação é uma parte importante dos esforços” para combater essas ameaças.

Cursos no Brasil ajudam a preservar línguas indígenas