Escalada da violência na Líbia já provocou 174 mortos

Balanço dos confrontos aponta um total de 756 feridos; Organização Mundial de Saúde reforça ajuda com medicamentos e ambulâncias; 18 mil pessoas abandonaram as suas áreas de origem devido à violência.
A Organização Mundial de Saúde, OMS, informou esta terça-feira que a escalada da violência em Trípoli, capital da Líbia, já causou 174 mortos. Destes, 14 eram civis.
O conflito entre Exército Nacional da Líbia, LNA, e as forças alinhadas com o Governo do Acordo Nacional, GNA, provocou ainda 756 feridos.
Em declarações a jornalistas, a partir de Genebra, a agência explicou que reforçou o envio de ambulâncias e de medicamentos para o país, bem como a transferência de nove cirurgiões para os hospitais.
De acordo com a OMS, 18 mil pessoas deixaram as suas casas depois dos confrontos se intensificarem. A situação obrigou a mobilizar recursos para os centros onde os deslocados estão agora a viver.
Depois de várias ambulâncias terem sido danificadas por estilhaços, a agência apelou às partes do conflito que evitem efeitos colaterais a civis, aos hospitais, às ambulâncias e aos trabalhadores humanitários. A agência teme que os combates impeçam o transporte de medicamentos do Porto de Trípoli para os hospitais da área.
Perante a falta de financiamento, a OMS apela ao reforço das doações numa altura em que são necessários 40 US$ milhões para dar resposta às necessidades.
Também a Organização Internacional para as Migrações, OIM, informou estar preocupada com a situação de 3,6 mil migrantes em Trípoli.
Tem sido entregue água e alimentos em colaboração com parceiros locais, mas a agência alerta que há 890 migrantes em risco porque estão em Qasr Ben Gashir, área muito próxima dos confrontos.
Em nota separada, a procuradora do Tribunal Internacional Penal, TIP, Fatou Bensouda, disse estar “profundamente preocupada” com a escalada da violência na Líbia
A representante apelou a todas as partes e grupos armados envolvidos nos combates “a respeitarem integralmente as regras do Direito Internacional Humanitário.”
A representante lembra que tal inclui tomar todas as medidas necessárias “para proteger civis e infraestruturas civis, incluindo escolas, hospitais e centros de detenção.”
Bensouda apelou também que não sejam cometidos crimes da jurisdição do Tribunal e, em particular, que os chefes militares se assegurem que seus os subordinados não o fazem.
A procuradora sublinhou que “qualquer pessoa que incite ou se envolva em tais crimes, inclusive ordenando, solicitando, encorajando ou contribuindo de qualquer outra forma para a prática destes crimes, é passível de processo judicial.”
Após destacar que todos os comandantes, militares ou civis, que têm controle efetivo, autoridade podem ser responsabilizados criminalmente por crimes cometidos pelos seus subordinados, a representante sublinha que a lei é clara.
Ela enfatizou que “quando os comandantes falharam tomar todas as medidas necessárias e razoáveis para prevenir ou reprimir crimes, podem ser responsabilizados criminalmente.”