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ONU lembra genocídio contra tutsis que matou mais de 1 milhão de pessoas

Cemitério em Nyanza, na zona rural de Kigali, em Ruanda. Durante o genocídio, 10 mil pessoas foram queimadas e mortas no vilarejo, enquanto tentavam escapar para o Burundi.
Unicef/Giacomo Pirozzi
Cemitério em Nyanza, na zona rural de Kigali, em Ruanda. Durante o genocídio, 10 mil pessoas foram queimadas e mortas no vilarejo, enquanto tentavam escapar para o Burundi.

ONU lembra genocídio contra tutsis que matou mais de 1 milhão de pessoas

Assuntos da ONU

Para secretário-geral da ONU, reflexão sobre o massacre deve ultrapassar um país e momento histórico; presidente da Assembleia Geral destaca resiliência dos ruandeses como lição e inspiração.

As Nações Unidas realizaram esta sexta-feira uma cerimônia solene que marcou o 25º aniversário do genocídio contra os tutsis no Ruanda.

O evento juntou altos funcionários da organização, o presidente ruandês Paul Kagame, representantes da comunidade internacional e sobreviventes do massacre que em cerca de três meses causou mais de 1 milhão de mortos.

Cerimônia do Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsi no Ruanda
Cerimônia do Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsi no Ruanda. Foto: ONU/Eskinder Debebe

Lições

O secretário-geral, António Guterres, disse haver “capacidade para fazer mal em todas as nossas sociedades”, mas destacou qualidades como compreensão, bondade, justiça e reconciliação como “uma das lições profundas da experiência ruandesa”.

O chefe da ONU elogiou ainda a recuperação do país, como sendo uma “fonte legítima de orgulho e de conforto para o governo”.

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Para Guterres, a reflexão internacional sobre a tragédia ruandesa também deve transcender um país e um momento da história, devendo inspirar a um “olhar para o presente”.

Guterres disse que é particularmente preocupante “a atual proliferação generalizada de discurso de ódio e  do incitamento à violência que afrontam valores e ameaçam os direitos humanos, a estabilidade social e a paz”.

Inspiração

A presidente da Assembleia Geral, Maria Fernanda Espinosa, disse que além de lamentar e lembrar o genocídio contra os tutsis,  a cerimônia servia para refletir e aprender.

A representante disse que não pode haver “maior lição e inspiração do que a resiliência dos ruandeses, que são um exemplo para todos”.

Na cerimônia onde estiveram presentes os sobreviventes Esther Mujawayo-Keiner e Marcel Uwineza, o presidente do Ruanda, Paul Kagame homenageou a coragem e a união dos ruandeses para reconstruir seu país.

O chefe de Estado disse que “recordar o massacre é também um ato de prevenção, sendo essencial contrariar negação do ato para quebrar o ciclo de genocídio e evitar qualquer repetição”.

Kagame explicou que foi com esse princípio que o seu país pediu uma mudança do nome do Dia Internacional para especificar o que aconteceu, embora os fatos não deixem dúvidas.

Esther Mujawayo-Keiner, sobrevivente do genocídio de 1994 contra os tutsis em Ruanda, compartilha sua história durante o Dia Internacional de Reflexão de 2019
ONU/Eskinder Debebe
Esther Mujawayo-Keiner, sobrevivente do genocídio de 1994 contra os tutsis em Ruanda, compartilha sua história durante o Dia Internacional de Reflexão de 2019