ONU lembra genocídio contra tutsis que matou mais de 1 milhão de pessoas

Para secretário-geral da ONU, reflexão sobre o massacre deve ultrapassar um país e momento histórico; presidente da Assembleia Geral destaca resiliência dos ruandeses como lição e inspiração.
As Nações Unidas realizaram esta sexta-feira uma cerimônia solene que marcou o 25º aniversário do genocídio contra os tutsis no Ruanda.
O evento juntou altos funcionários da organização, o presidente ruandês Paul Kagame, representantes da comunidade internacional e sobreviventes do massacre que em cerca de três meses causou mais de 1 milhão de mortos.
O secretário-geral, António Guterres, disse haver “capacidade para fazer mal em todas as nossas sociedades”, mas destacou qualidades como compreensão, bondade, justiça e reconciliação como “uma das lições profundas da experiência ruandesa”.
O chefe da ONU elogiou ainda a recuperação do país, como sendo uma “fonte legítima de orgulho e de conforto para o governo”.
Para Guterres, a reflexão internacional sobre a tragédia ruandesa também deve transcender um país e um momento da história, devendo inspirar a um “olhar para o presente”.
Guterres disse que é particularmente preocupante “a atual proliferação generalizada de discurso de ódio e do incitamento à violência que afrontam valores e ameaçam os direitos humanos, a estabilidade social e a paz”.
A presidente da Assembleia Geral, Maria Fernanda Espinosa, disse que além de lamentar e lembrar o genocídio contra os tutsis, a cerimônia servia para refletir e aprender.
A representante disse que não pode haver “maior lição e inspiração do que a resiliência dos ruandeses, que são um exemplo para todos”.
Na cerimônia onde estiveram presentes os sobreviventes Esther Mujawayo-Keiner e Marcel Uwineza, o presidente do Ruanda, Paul Kagame homenageou a coragem e a união dos ruandeses para reconstruir seu país.
O chefe de Estado disse que “recordar o massacre é também um ato de prevenção, sendo essencial contrariar negação do ato para quebrar o ciclo de genocídio e evitar qualquer repetição”.
Kagame explicou que foi com esse princípio que o seu país pediu uma mudança do nome do Dia Internacional para especificar o que aconteceu, embora os fatos não deixem dúvidas.