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Guterres quer mais mulheres nomeadas para as missões de paz

Guterres lembrou que a presença de mulheres permite que se recebam mais denúncias de violência sexual e de género e que haja menos incidentes de exploração e abuso sexual.
Unifil/Pasqual Gorriz
Guterres lembrou que a presença de mulheres permite que se recebam mais denúncias de violência sexual e de género e que haja menos incidentes de exploração e abuso sexual.

Guterres quer mais mulheres nomeadas para as missões de paz

Paz e segurança

Secretário-geral da ONU quer “processos de paz mais representativos e inclusivos”; metas para representação feminina nessa área variam de 15% a 35% até 2028; em dois anos, 27 países nomearam pela primeira vez mulheres para missões de paz.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a principal prioridade passa por “aumentar o número de mulheres em manutenção da paz”, tanto civis como militares.

Dirigindo-se ao Conselho de Segurança, que debate esta quinta-feira o papel das mulheres na manutenção da paz, Guterres lembrou que esta “não é apenas uma questão de números”, mas também de eficácia dos mandatos da ONU. 

Estratégia

Guterres discursa no Conselho de Segurança
Dirigindo-se ao Conselho de Segurança, que debate esta quinta-feira o papel das mulheres na manutenção da paz, Guterres lembrou que esta “não é apenas uma questão de números”, mas também de eficácia dos mandatos da ONU.
Foto ONU News/ Manuel Elias

Na sua intervenção, o chefe da ONU explicou que um maior número de mulheres que mantêm a paz “conduz a respostas de proteção que são mais confiáveis ​​e atendem às necessidades de todos os membros das comunidades locais.”

Guterres lembrou que a presença de mulheres permite que se recebam mais denúncias de violência sexual e de género e que haja menos incidentes de exploração e abuso sexual, o que conduz a “processos de paz mais representativos e inclusivos.”

Com o lançamento da Estratégia de Igualdade de Género em 2017, as Nações Unidas iniciaram um “esforço ambicioso e essencial” em todo o sistema para melhorar a representação das mulheres em todos os níveis, destacou o chefe da ONU.

No entanto, para o secretário-geral é necessário “ir muito longe” para garantir que os direitos e a participação das mulheres estejam no centro das decisões de manutenção da paz.

Iniciativa

A iniciativa “Ação pela Manutenção da Paz” veio exigir a participação plena, igualitária e significativa das mulheres em todos os estágios dos processos de paz.
A iniciativa “Ação pela Manutenção da Paz” veio exigir a participação plena, igualitária e significativa das mulheres em todos os estágios dos processos de paz.
Monusco

A iniciativa “Ação pela Manutenção da Paz” veio exigir a participação plena, igualitária e significativa das mulheres em todos os estágios dos processos de paz. Outras áreas envolvidas foram integração da perspetiva de género em todas as etapas de análise, planeamento, implementação e elaboração de relatórios.

Guterres agradeceu aos mais de 150 Estados-membros que assinaram este compromisso, e ainda aos que lançaram a “Iniciativa Elsie”. O programa foi apresentado na semana passada na Conferência Ministerial sobre Manutenção da Paz e pretende superar as barreiras ao aumento da participação significativa das mulheres nas operações de paz.

Avanços

Guterres sublinhou ainda que é necessário que as listas de recrutamento sejam equilibradas por género. As metas para a representação de mulheres variam de 15% a 35% até 2028, incluindo militares, agentes policiais e de justiça.

Para o secretário-geral, “a realização dessas metas representará um passo significativo em direção à paridade.”

No entanto, desde dezembro de 2015, o número de mulheres militares e policiais aumentou aproximadamente 1%, o que para Guterres “claramente não é suficiente.”

Segundo o líder da ONU, o número de mulheres nos postos de oficial e observador militar quase duplicou desde a primeira Reunião Ministerial para a Manutenção de Paz em 2017. As mulheres representam mais de 13% do pessoal destacado.

Desde então, 27 países que antes não haviam nomeado nenhuma mulher passaram a fazê-lo. No caso de 30 países, foram integradas mais de 15% de mulheres observadoras militares e funcionárias de operações de paz.