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“Problema humanitário é muito real na Venezuela”, alerta a ONU BR

Migrante venezuelana na Colômbia. Cerca de 5.000 pessoas cruzaram fronteiras diariamente para deixar a Venezuela no ano passado, segundo dados da ONU
Acnur/Vincent Tremeau
Migrante venezuelana na Colômbia. Cerca de 5.000 pessoas cruzaram fronteiras diariamente para deixar a Venezuela no ano passado, segundo dados da ONU

“Problema humanitário é muito real na Venezuela”, alerta a ONU

Paz e segurança

Conselho de Segurança acompanhou atualização em sessão convocada pelos EUA;  chefe humanitário, Mark Lowcock, pediu atenção para 7 milhões de pessoas que precisam de ajuda; quase 2,8 milhões de venezuelanos precisam de assistência médica.

O Conselho de Segurança realizou esta quarta-feira uma sessão que debateu a Venezuela. Na reunião, o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, declarou que “o problema humanitário é muito real” no país.

Ao descrever a situação, o representante destacou uma “dimensão de necessidades que é significativa e crescente”. Estima-se que 7 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária, o que corresponde a 25% da população venezuelana.

Subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, no Conselho de Segurança
Subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, no Conselho de Segurança. Foto ONU/Eskinder Debebe

Ajuda

O representante revelou ao Conselho que as Nações Unidas trabalham para expandir a ajuda, e que “muito mais precisa ser feito” para chegar a essa meta.

Mark Lowcock disse que é preciso “separar os objetivos políticos e humanitários”  e pediu o apoio do Conselho para proteger a neutralidade e imparcialidade da ação humanitária.

O representante apelou os 15 Estados-membros do órgão que façam pressão para que haja um acesso contínuo e regular aos necessitados, além de fundos para financiar a expansão de programas de auxílio.

Cuidados

Em seu discurso, Lowcock destacou que os apagões generalizados recorrentes afetaram toda a Venezuela. Sem eletricidade, muitos hospitais tentam realizar procedimentos cirúrgicos essenciais, manter os serviços de cuidados intensivos e o tratamento de hemodiálise.

Os sistemas de água e esgotos foram interrompidos e a situação econômica continuou a piorar, assim como o poder de compra das pessoas, tornando os alimentos ainda menos acessíveis para muitas famílias.

O coordenador humanitário da ONU informou que em um contexto de contração econômica severa e contínua, a estimativa é que 1,9 milhão de pessoas necessitem de assistência nutricional, incluindo 1,3 milhão de crianças menores de cinco anos.

Migrantes venezuelanos na Colômbia
2018 União Europeia/N. Mazars
Migrantes venezuelanos na Colômbia

Saneamento

A Venezuela também é afetada pelo ressurgimento de doenças evitáveis como tuberculose, difteria, sarampo e malária. Cerca de 2,8 milhões de pessoas precisam de assistência médica, incluindo 1,1 milhão de crianças.

Segundo a ONU, quase 4,3 milhões de venezuelanos precisam de assistência em áreas como água e saneamento. Entre eles, estão 17% de pessoas pobres que não têm acesso à água potável, ou são abastecidas apenas uma vez a cada duas semanas.

Venezuelanos procuram oportunidades de trabalho nos países vizinhos
Acnur/Stephen Ferry
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