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Pós-ciclone em Moçambique: “temos que criar condições para que as pessoas possam retomar a vida” BR

Crianças numa estrada de Búzi, em Moçambique, danificada pelo ciclone
Unicef/UN0293297/DE WET
Crianças numa estrada de Búzi, em Moçambique, danificada pelo ciclone

Pós-ciclone em Moçambique: “temos que criar condições para que as pessoas possam retomar a vida”

Ajuda humanitária

Chefe Humanitário das Nações Unidas pede apoio continuo para deslocados em centros de acolhimento; mais de 131 mil pessoas estão abrigadas em 136 locais em Manica, Sofala, Tete e Zambézia; acompanhe aqui a cobertura especial da ONU News. 

O coordenador Humanitário das Nações Unidas para Moçambique, Marcoluigi Corsi, disse que este não é momento de baixar a guarda nos esforços de emergência na sequência do ciclone Idai.

Corsi foi nomeado para o cargo no final do mês de março pelo secretário-geral, António Guterres. O representante falou à ONU News, em Maputo, sobre os esforços de resposta.

"Temos que criar condições para que as pessoas possam retomar a vida”

Assistência

“Acho importante continuar com o apoio e a assistência a toda a população que foi afetada pelo ciclone Idai. Estamos nesta fase onde temos que continuar a apoiar as pessoas que estão em centros de acolhimento, mas também apoiar as pessoas que têm que voltar. E temos que criar condições para que as pessoas possam retomar a vida, retomar à normalidade. Há crianças que têm que voltar à escola pessoas que têm que voltar a viver de uma maneira digna. Continuamos a apelar a todos os doadores e a todos da comunidade internacional  para que não se esqueçam de Moçambique.”

Segundo os últimos dados, mais de 1.416 milhão de pessoas foram afetadas pelo ciclone, que causou pelo menos 598 mortes e deixou cerca de 1.641 feridos.

Com a cooperação internacional, as autoridades tentam reverter o alastramento da cólera. Já foram registrados 2.088 casos e duas mortes devido à doença. A campanha de vacinação começou na quarta-feira, 3 de abril, e chegou a 32 mil pessoas no primeiro dia.

Trabalhadores humanitários entram numa tenda para tratamento de cólera na cidade da Beira.
Trabalhadores humanitários entram numa tenda para tratamento de cólera na cidade da Beira., by Unicef/ De Wet

Atualização

O Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Ocha, publicou esta quinta-feira uma atualização sobre os danos causados.

Cerca de 198 mil casas foram destruídas, um aumento de 86 mil casas desde a última actualização. Mais de 131 mil pessoas estão abrigadas em 136 locais nas províncias de Manica, Sofala, Tete e Zambézia. Segundo as autoridades, 28 mil dessas pessoas são consideradas vulneráveis.

Perto de 53 mil pessoas receberam assistência básica de abrigo e mais de 50 mil vítimas receberam assistência alimentar.

Agências

Várias agências das Nações Unidas no terreno fornecem assistência essencial após o desastre, que também deixou um rasto de destruição nos vizinhos Maláui e Zimbábue.

Nas atividades que são realizadas no terreno, uma das prioridades é restaurar as telecomunicações para ajudar as comunidades afetadas a ter informações sobre a assistência disponível.

O Programa Mundial de Alimentação, PMA, reitera que as comunicações são a base para uma resposta de emergência. Nos últimos dias, equipes de especialistas da agência têm instalado equipamentos que permitem ter acesso à internet e facilitar a comunicação entre parceiros humanitários.

Mais de 200 mil pessoas precisam urgentemente de instalações de abrigo, água e saneamento. Outras 100 mil pessoas necessitam de proteção e assistência médica.

Esther junto da tenda para deslocados em Dondo, Moçambique
Unicef/DE WET
Esther junto da tenda para deslocados em Dondo, Moçambique