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Mónica Ferro: “Há muito para fazer, mas sabemos aquilo que é preciso fazer”

Mónica Ferro, Diretora do Escritório de Genebra do Fundo das Nações Unidas para a População
ONU News/Daniela Gross
Mónica Ferro, Diretora do Escritório de Genebra do Fundo das Nações Unidas para a População

Mónica Ferro: “Há muito para fazer, mas sabemos aquilo que é preciso fazer”

Desenvolvimento econômico

Diretora do Escritório Unfpa em Genebra diz que avaliação do progresso dos últimos 25 anos é positiva; 52ª Sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento acontece em Nova Iorque até sexta-feira.   

A diretora do Escritório do Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, em Genebra, diz que “a mensagem é otimista” em relação aos progressos alcançados nos últimos 25 anos na área da população e desenvolvimento.

Mónica Ferro está em Nova Iorque para participar na 52ª Sessão da Comissão dedicada a este tema, que acontece esta semana na sede das Nações Unidas.

Vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, fez o discurso de abertura do Fórum
Vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, fez o discurso de abertura do Fórum, by Escap/Diego Montemayor

Progressos

Em entrevista à ONU News, a representante do Unfpa explicou os motivos do otimismo.

“Se olharmos para a história, vemos que é possível construir um mundo com mais dignidade e mais direitos humanos para todos. Sabemos aquilo que é preciso fazer. A mensagem é: há muito para fazer, mas nós sabemos aquilo que é preciso fazer.”

Crescimento populacional

Durante o encontro, estão sendo avaliados os progressos no Programa de Ação adotado na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, que aconteceu no Cairo, Egito, há 25 anos.

A ONU calcula que a população mundial, estimada em 7,7 bilhões em 2019, aumente para 9,7 bilhões em 2050.  A representante do Unfpa explicou a importância de acompanhar esta evolução.

“Não podemos projetar um sistema de ensino, nomeadamente o número de escolas que são necessárias, e o investimento em infraestruturas e recursos humanos se não tivermos uma estimativa razoável daquilo que vai ser a evolução da população. Se há 200 anos podíamos dizer com uma grande tranquilidade que a taxa de fertilidade no mundo era única, e era alta, hoje temos países com desempenhos bastante distintos.”

Fertilidade

Mónica Ferro diz que o importante é que “cada indivíduo e cada casal tenha exatamente o número de filhos que quer ter” e que “haja sempre um foco de direitos humanos nestas estimativas.”

A especialista acredita que “estas estimativas são sobre pessoas e as pessoas têm de estar no centro dos processos de desenvolvimento.”

Segundo a OMS, cerca de 140 milhões de nascimentos ocorrem por ano, a maioria sem complicações para mulheres e bebês.
Segundo a OMS, cerca de 140 milhões de nascimentos ocorrem por ano, a maioria sem complicações para mulheres e bebês., by Foto: Unicef/UN0154517/Gulati

Prioridades

Na segunda-feira, na abertura do encontro, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, destacou duas áreas prioritárias, o género e a educação.

 A diretora do escritório do Unfpa em Genebra explicou porque estas áreas são importantes.

“São as áreas que nos permitem, não só, os maiores retornos, como são as áreas em que o investimento é mais produtivo, é mais focado, e tem um efeito multiplicador. Apostar na educação significa que vai poder potenciar os resultados de quase todos os ODSs. A igualdade de género é a ferramenta para a emancipação de mais de metade do nosso planeta. Nós sabemos que investir nas mulheres é não só benéfico para as mulheres, como também tem um efeito multiplicador nas suas próprias famílias, comunidades, sociedades, para o planeta.”

Segundo a representante, este “é um investimento que não só é justo, como economicamente faz muito sentido.”

Desigualdade

De acordo com dados apresentados no evento, o progresso acontece de forma desigual. Em todo o mundo, cada vez mais mulheres têm acesso a métodos contraceptivos modernos, mas em 44 países menos da metade das que procuram estes serviços têm resposta.

Enquanto a esperança média de vida aumentou em todas as regiões do mundo, atualmente, a diferença entre as regiões mais e menos desenvolvidas é de 15 anos. Os níveis de mortalidade infantil na África Subsaariana caíram de 180 para 78 mortes por cada mil nascimentos, mas a taxa de mortalidade infantil na região ainda é 15 vezes maior do que a das crianças nascidas em regiões mais desenvolvidas.