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Em Moçambique, apoio alimentar e cuidados de saúde aceleram com o baixar das águas das inundações

Esther junto da tenda para deslocados em Dondo, Moçambique
Unicef/DE WET
Esther junto da tenda para deslocados em Dondo, Moçambique

Em Moçambique, apoio alimentar e cuidados de saúde aceleram com o baixar das águas das inundações

Ajuda humanitária

PMA quer distribuir comida a mais do triplo do número atual de beneficiários; campanha de vacinação contra a cólera inicia esta quarta-feira na cidade da Beira; pelo menos 1052 casos já foram registrados no segundo maior centro urbano do país.

Após a passagem do ciclone Idai por três países da África Austral há mais de duas semanas,  agências humanitárias aceleram as ações de auxílio estimuladas pela baixa do nível das águas das inundações.

Esta semana, o Programa Mundial de Alimentação, PMA, anunciou que pretende alcançar 1,2 milhão de beneficiários na sequência da abertura de estradas para as áreas rurais das províncias moçambicanas de Sofala, Manica, Tete e Zambézia.

Financiamento deve reforçar ações que vêm sendo realizadas pelas autoridades de saúde e pela sociedade civil nas áreas dos direitos sexuais e reprodutivos de meninas e mulheres em situação de fragilidade.
Moçambicanas e seus filhos deslocados pelo ciclone e cheias na cidade da Beira, em Moçambique, by Ocha/Rita Maingi

Calamidades

A nova meta corresponde a mais do triplo das vítimas do ciclone Idai que já receberam ajuda alimentar devido ao ciclone. As ações ocorrem em parceria com o Governo de Moçambique e o Instituto Nacional de Gestão de calamidades, Ingc.

O objetivo é abastecer às vítimas das inundações e do ciclone com alimentos suficientes para 15 dias, que incluem cereais, leguminosas, alimentos fortificados e óleo vegetal.  Essa nova entrega aumentaria a quantidade de emergência, que no momento chega apenas para três dias.

As áreas rurais devem ser alcançadas por via rodoviária e as entregas por via aérea e por barco continuarão a ser cruciais. A meta do PMA é chegar a 1,7 milhão dos 1,8 milhão de moçambicanos que precisam de assistência alimentar de emergência. Grande parte deles perdeu casas, bens, plantações e meios de subsistência.

De acordo com a agência da ONU, a comida está ficando escassa em mercados locais e os preços dos alimentos básicos subiram rapidamente. Em alguns casos, o aumento foi de até cinco vezes.

Esforços

Trabalhadores humanitários entram numa tenda para tratamento de cólera na cidade da Beira.
Trabalhadores humanitários entram numa tenda para tratamento de cólera na cidade da Beira.
Unicef/ De Wet

Esta terça-feira, a diretora regional para África da Organização Mundial da Saúde, OMS, visitou a cidade de Beira. Na área que foi a mais atingida pelo ciclone, Matshidiso Moeti analisou os esforços de resposta e de proteção.

A representante considera as “próximas semanas cruciais” e que “a rapidez é essencial para salvar vidas e limitar o sofrimento” das vítimas.  

A OMS mobilizou especialistas para a emergência, incluindo epidemiologistas, técnicos de logística e de prevenção de doenças, com os quais deve ser formado um grupo de 40 pessoas.

Outros objetivos incluem restaurar serviços regulares de saúde e conter a propagação da cólera e outras infecções. Mais de 900 mil doses de vacina oral contra a cólera devem ser usadas na campanha de vacinação que inicia esta quarta-feira, na cidade onde já foram relatados 1052 casos.

Tratamento

A agência alerta que o aumento de pessoas que chegam aos centros de saúde com diarreia aguda faz prever um aumento de casos, pelo alto risco de infecção na área onde mais de 128 mil pessoas vivem em abrigos temporários.

A OMS ajuda a restaurar os cuidados primários priorizando a imunização, o tratamento de doenças comuns, a desnutrição aguda e os cuidados maternos, além de garantir a entrega de medicamentos para pessoas vivendo com HIV, tuberculose ou diabetes.

ONU apoia vacinação de 900 mil pessoas contra a cólera após ciclone em Moçambique