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“67 mil mulheres grávidas foram afetadas por desastre natural em Moçambique”

Aruminda segura o irnão, António, em um campo para deslocados em Dondo, Moçambique
Unicef/DE WET
Aruminda segura o irnão, António, em um campo para deslocados em Dondo, Moçambique

“67 mil mulheres grávidas foram afetadas por desastre natural em Moçambique”

Ajuda humanitária

Fundo de População das Nações Unidas prevê 19 mil nascimentos de mães que foram vítimas do ciclone Idai nos próximos três meses; mais de 3 mil mulheres podem estar em risco de vida com emergências relacionadas à gravidez; acompanhe aqui a cobertura especial da ONU News. 

O Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, disse que uma das suas grandes prioridades é a situação de 67 mil mulheres grávidas que foram afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique.

Em entrevista à ONU News, de Maputo, a representante da agência no país, Andrea Wojnar, disse que o Unfpa vai ajudar nas quatro províncias afetadas e nas áreas de saúde sexual reprodutiva e prevenção da violência de gênero.

Mãe alimenta filho de dois anos na Escola Samora Machel, que está servindo de abrigo
Mãe alimenta filho de dois anos na Escola Samora Machel, que está servindo de abrigo, by Unicef/Prinsloo

Trabalho

Do total da população afetada de 1,85 milhão, estima-se que 67 mil são mulheres grávidas. Nos próximos três meses, devem nascer 19 mil crianças. Mais de 3 mil mulheres podem estar em risco de vida com emergências relacionadas à gravidez.

A representante disse que a agência “vai apoiar a reabilitação de clínicas destruídas e estabelecer clínicas provisórias.” Também vai criar espaços seguros para mulheres, em colaboração com o Unicef, que está estabele espaços seguros para crianças.

Andrea Wojnar contou que o Unfpa quer ter a certeza de que todos têm conhecimento e acesso a estes serviços, e “sabem para onde podem ir para estar seguros de violência de gênero.”

Desafios

Como parte desses esforços, o Unfpa distribuir kits de dignidade para mulheres e meninas. A agência também formar enfermeiras de saúde materna e fornecer kits de saúde reprodutiva e para recém-nascidos.

Para a representante, o maior desafio é entregar toda esta ajuda “numa corrida contra o tempo.”

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Wojnar disse que estão “a tentar responder às necessidades destas quase 70 mil mulheres grávidas, mulheres que estão em risco de gravidezes muito difíceis que podem ameaçar a sua vida e mulheres que vivem com HIV.” Segundo ela, “existem múltiplas vulnerabilidades.”

No país, 77 mil mulheres em idade reprodutiva são soropositivas, incluindo 6,8 mil mulheres grávidas.

Para a representante, “outro desafio continua a ser ter acesso às populações e levar os materiais e funcionários necessários para prestar estes serviços.”

Vulnerabilidades

Segundo o Unfpa, a maioria dos deslocados são mulheres e crianças e “estão profundamente traumatizados e vivem em circunstâncias incrivelmente difíceis.”

A violência baseada no género é sempre prevalente em situações de deslocamento, com mulheres e meninas sendo alvo de uma série de abusos.

A agência diz que “existe uma necessidade urgente de tomar medidas para minimizar os riscos e para garantir que os sobreviventes têm acesso a serviços oportunos, seguros, confidenciais e de qualidade.”

Instalações de saúde e educação sofreram danos significativos, com mais de 3 mil salas de aula e 45 centros de saúde danificados. Mais de 58 mil casas foram parcial ou totalmente destruídas, de acordo com relatórios do governo.

O ciclone Idai e as chuvas que se seguiram destruíram perto de 500 mil hectares de cultivo, semanas antes da época das colheitas.  O país já tem uma das taxas mais altas de subnutrição crônica na África, como cerca de 42% das crianças menores de cinco anos sofrendo de subnutrição.

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