FMI elogia reformas económicas implementadas para superar crise em Portugal

Taxa de desemprego caiu de 16% em 2013, para os 7% em 2019; Europa deve fortalecer as suas defesas contra a crise e progredir na direção da integração; exportações e o turismo continuam a crescer.
O primeiro vice-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, FMI, David Lipton, considera que os sucessivos governos implementaram as reformas necessárias para a recuperação económica em Portugal.
De visita a Lisboa, o responsável explicou que “os resultados positivos ressaltam a importância da coesão política na resposta às dificuldades económicas.”
Analisando a atual situação económica, Lipton identificou alguns riscos e incertezas e, por isso, “todos os países precisam renovar seu compromisso com as reformas que apoiarão o crescimento agora.”
Para ele uma questão que deve ser abordada na Europa, incluindo Portugal, é a capacidade de sustentar o atual crescimento económico e evitar outro choque sistémico.
O FMI considera que a Europa deve fortalecer as suas defesas contra a crise e progredir na direção da integração, porque as “deficiências políticas podem agravar a próxima recessão.”
A instituição financeira diz que Portugal registou “progressos notáveis” com o seu programa de ajustamento. O desemprego atingiu o pico em 16% em 2013, com os jovens particularmente atingidos.
Atualmente, a taxa de pessoas sem emprego é de 7%, o nível mais baixo desde 2004. Houve um declínio acentuado dos desempregados de longa duração e uma "redução impressionante" do desemprego juvenil.
O FMI destaca que os juros da dívida portuguesa chegaram aos dois dígitos entre 2011-2012, sendo que agora estão atualmente em torno de 1,3%. Além disso, as exportações e o turismo têm crescido e a conta corrente tem sido quase equilibrada nos últimos anos.
Para o responsável, “todas estas conquistas reduziram o perfil de risco de Portugal e reforçaram a sua resiliência aos choques.”
Apesar dos progressos, o FMI considera que há espaço para mais melhorias. A dívida pública permanece muito alta, cerca de 120% do PIB no ano passado, a terceira mais elevada da zona do euro, e provavelmente "ficará de 100% até 2025."
Por outro lado, a instituição avisa que o setor privado continua altamente alavancado no crédito financeiro e o sistema bancário continua vulnerável apesar do progresso significativo na reparação dos balanços dos bancos.
Para o FMI, o verdadeiro desafio do país passa por melhorar as perspetivas de crescimento a longo prazo, elevando a produtividade.
Por isso, considera que é necessário “injetar uma nova vitalidade no mercado de trabalho do país.”