Enviado da ONU alerta sobre violência que pode ter “consequências catastróficas” em Gaza
Nickolay Mladenov disse ao Conselho de Segurança que Nações Unidas trabalham com Egito para manter situação estável; especialista afirmou que solução de dois Estados continua a ser a única “alternativa viável” para Oriente Médio.
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, alertou para “consequências potencialmente catastróficas” da violência em Gaza.
O coordenador especial fez um balanço esta terça-feira no Conselho de Segurança sobre a situação no Oriente Médio.
Violência
Mladenov disse que está "preocupado com outra escalada de violência muito perigosa em Gaza” e que os eventos dos “últimos dois dias mostram quão perto se está à beira da guerra mais uma vez."
Segundo agências de notícias, Israel e Hamas estão envolvidos em combates desde que, na manhã de segunda-feira, um foguete disparado de Gaza deixou sete militares de Israel feridos.
Mladenov continua “gravemente preocupado” com o número de mortos e feridos de palestinos ao longo da cerca em Gaza. Ele afirmou que as forças de segurança de Israel “têm a responsabilidade de exercer contenção” e lembrou que “a força letal só deve ser usada quando estritamente inevitável.”
O coordenador especial pediu às duas partes que rejeitem a violência e trabalhem para reduzir as tensões. Para ele, “não há justificativa para o terror” e todos devem condenar esta situação “inequivocamente."
O representante afirmou que a situação em Gaza “é insustentável” e que os protestos mais recentes destacam a necessidade de um retorno a um governo unificado para a Palestina. Ele pediu a todas as fações para acabar com as divisões internas, dialogarem com o Egito e implementarem o Acordo do Cairo, assinado em 2017.
Mladenov afirmou também que "a falta de resolução da crise de financiamento da Autoridade Palestina ameaça desestabilizar ainda mais uma situação já volátil.”
Solução
O representante repetiu que não existe “nenhuma alternativa viável para a solução de dois Estados.” Devido à natureza interconectada dos conflitos na região, Mladenov afirmou que “continua a ser crítico criar condições para que as partes retornem negociações significativas.”
O coordenador disse que ambas as partes devem continuar implementando os acordos bilaterais e “evitar ações unilaterais que prejudiquem a solução dos dois Estados."
Para ele, “o que é necessário é liderança e vontade política para tomar medidas concretas que apoiem o fim da ocupação e uma paz duradoura.” Até isso acontecer, Mladenov acredita que “outra geração de israelenses e palestinos está destinada a passar a vida buscando, em vão, uma paz ilusória.”
Desafios
Os Estados-membros também receberam novas informações sobre um conjunto de desafios na região.
Mladenov disse que a situação na Cidade Velha de Jerusalém “ainda é uma preocupação séria” e pediu a todas as partes que trabalhem para reduzir as tensões.
Sobre a demolição e apreensão de estruturas palestinas, afirmou que "essas políticas devem ser invertidas, e Israel deve cumprir suas obrigações sob as leis internacionais."
Referindo-se ao estabelecimento de estruturas de Israel em território palestino, o coordenador afirmou que “não tem efeito legal”, representa “uma violação flagrante do direito internacional” e "deve cessar imediatamente e completamente."
O coordenador pediu também que o Conselho de Segurança se junte a outros órgãos da ONU condenando o “contínuo disparo indiscriminado de foguetes contra Israel.” Segundo Mladenov, “essas provocações apenas aumentam o risco de escalada e, em última análise, prejudicam os esforços coletivos.”
Para terminar, o coordenador informou que as Nações Unidas continuam trabalhando com o Egito e todos os envolvidos para garantir que “a situação não sai do controle.” Segundo ele, "ninguém tem interesse em um confronto militar completo em Gaza."