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Agência da ONU declara Moçambique “emergência de mais alto nível”

Mãe alimenta filho de dois anos na Escola Samora Machel, que está servindo de abrigo
Unicef/Prinsloo
Mãe alimenta filho de dois anos na Escola Samora Machel, que está servindo de abrigo

Agência da ONU declara Moçambique “emergência de mais alto nível”

Ajuda humanitária

Chefe do PMA vai visitar país; Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho triplicou apelo; número de mortes confirmadas subiu para 447; acompanhe aqui a cobertura especial da ONU News.

O diretor executivo do Programa Mundial de Alimentação, PMA, visita Moçambique esta terça-feira para chamar a atenção para a devastação causada pelo ciclone Idai.

Na cidade da Beira, David Beasley irá encontrar-se com vítimas das cheias, funcionários do governo e trabalhadores humanitários. No dia seguinte, reúne com o presidente Filipe Nyusi, membros do governo e a equipa da ONU,

Atualização

Com a descida das águas na Beira, as pessoas começaram a percorrer as áreas afetadas
Com a descida das águas na Beira, as pessoas começaram a percorrer as áreas afetadas, by Unicef/Prinsloo

Esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Ingc, anunciou que 794 mil pessoas precisam de ajuda. O número de mortes aumentou para 447.

Em nota, o PMA anunciou que considera agora a situação no país lusófono uma “emergência de mais alto nível”.

A agência analisou imagens de satélite que mostram áreas alagadas que incluem um "oceano em terra" de 125 km por 25 km, uma dimensão equivalente à área do Luxemburgo.

A operação da agência já alcançou mais de 115 mil pessoas com assistência alimentar de emergência. Helicópteros estão lançando biscoitos energéticos e outros alimentos para prevenir e tratar subnutrição em comunidades isoladas pelas enchentes.

Alimentos fortificados fáceis de preparar também estão sendo distribuídos para vítimas abrigadas em escolas e outros edifícios públicos na cidade da Beira e arredores.

Para preparar as próximas semanas, grandes quantidades de alimentos estão sendo adquiridas em outras partes da região da África Austral e transportadas para o país.

Exclusivo: Em português, secretário-geral da ONU dirige-se a Moçambique após ciclone.

Cruz Vermelha

O secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho, Ifrc, informou esta segunda-feira que a organização triplicou o apelo para esta operação. A Ifrc procura agora US$ 30 milhões para ajudar cerca de 200 mil pessoas.

Falando aos jornalistas em Genebra, Elhadj As Sy disse que a organização percebeu “muito rapidamente que o pedido inicial não teria a magnitude e escala para fazer qualquer diferença.”

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Nos últimos dias, o representante visitou as áreas afetadas e descreveu o momento em que sobrevoou florestas, que tinham árvores com mais de 10 metros, completamente submersas. Aldeias inteiras tinham desaparecido.

Ele disse que no terreno era óbvio “como estes tipos de desastres afetam de forma desproporcional as mulheres e crianças.” Segundo ele, “o pior são as crianças chorando e procurando seus pais, porque estão num abrigo diferente, esperamos, ou, infelizmente, podem ter morrido.”

Condições

O representante disse que “para ser sincero, as condições das instalações de abrigo e trânsito não são boas.” Segundo ele, “algumas são mesmo horrendas.”

Um dos locais que As Sy visitou foi uma escola de apenas 15 salas que acolhe 3 mil pessoas. O edifício está meio inundado e existem apenas seis sanitas para todas as pessoas. Por isso, explicou, “não é um exagero quando se diz que temos uma bomba em contagem decrescente de água, condições sanitárias e higiene.”

O representante disse que a Ifrc está fazendo um esforço extra para chegar às pessoas mais isoladas e mais vulneráveis, que inclui idosos, famílias lideradas por mulheres, crianças e pessoas com deficiência. Segundo ele, “muitas vezes, estas são as pessoas deixadas para trás.”

O representante disse que existem pessoas “muito, muito, muito vulneráveis”, como crianças, meninas e mulheres. Ele disse que, se a comunidade internacional não atuar neste momento, “não poderá ficar surpresa e arrependida depois, quando algo acontecer.”

Criança em uma das áreas destruídas na Beira pelo ciclone Idai
Unicef/Prinsloo
Criança em uma das áreas destruídas na Beira pelo ciclone Idai