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Iêmen: ONU destaca “enorme sofrimento” na área da saúde

O diretor regional da Organização Mundial de Saúde, OMS, para o Mediterrâneo Ocidental, Ahmed Al-Mandhari, em visita ao Iêmen
OMS
O diretor regional da Organização Mundial de Saúde, OMS, para o Mediterrâneo Ocidental, Ahmed Al-Mandhari, em visita ao Iêmen

Iêmen: ONU destaca “enorme sofrimento” na área da saúde

Saúde

OMS e parceiros na área da saúde precisam de US$ 627 milhões como parte do Plano de Resposta Humanitária; no ano passado, agência conseguiu ajudar 13 milhões de pessoas, ultrapassando o objetivo de 10 milhões.

O diretor regional da Organização Mundial de Saúde, OMS, para o Mediterrâneo Ocidental disse esta segunda-feira que viu “enorme sofrimento e desespero” no Iêmen, mas também “sinais de esperança.”

Ahmed Al-Mandhari visitou o país na semana passada e disse que presenciou “em primeira mão o sofrimento, a doença e a morte de civis inocentes presos nesta crise.”

Casos

ONU: a estimativa é de que 85 mil crianças no Iémen tenham perdido a luta contra a fome desde 2015
ONU: a estimativa é de que 85 mil crianças no Iémen tenham perdido a luta contra a fome desde 2015, by Unicef/UN0276450/Almahbashi

Nas visitas a hospitais em Aden e Sanaa, o representante disse que viu “bebês recém-nascidos e crianças, às vezes duas e três em uma só cama, sofrendo de desnutrição aguda severa, insuficiência cardíaca e renal, pneumonia e outras condições de risco de vida.”

Os médicos disseram que algumas destas crianças não sobreviveriam até ao final da semana.

Al-Mandhari conheceu pacientes com insuficiência renal que recebem sessões de diálise apenas uma vez por semana e pacientes de cólera “desesperadamente agarrados à vida, lutando para sobreviver a uma doença que geralmente é tratável em circunstâncias normais.” Segundo ele, há pacientes com formas tratáveis ​​de câncer que morrem de forma desnecessaria.

Na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Al-Thawra, um paciente morreu em frente ao diretor regional. Ele disse que “os médicos ficaram impotentes, incapazes de salvá-lo.”

Dificuldades

Mais da metade dos hospitais do país não funcionam e outros estão pouco operacionais devido à escassez de medicamentos e equipamentos. O representante da OMS disse que “muitos pacientes que não conseguem arcar com o custo do transporte morrem em casa ou chegam tarde aos serviços de saúde.”

Apesar dessas dificuldades, Al-Mandhari disse que conheceu “muitos funcionários de saúde corajosos e heróicos, que são verdadeiramente a espinha dorsal do sistema de saúde” Ele explicou que estes homens e mulheres “não são pagos há anos, mas continuam determinados a trabalhar todos os dias em circunstâncias incrivelmente difíceis.”

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Esperança

O diretor regional também destacou alguns sinais de esperança.

Ele lembrou a história de Khadeeja, uma menina gravemente subnutrida e à beira da morte. Os pais viajaram durante horas para chegar a um hospital, encontraram um Centro de Alimentação Terapêutica apoiado pela OMS e, após umas semanas, a sua condição melhorou. Muitos meses depois, ela é uma menina feliz, saudável e bem nutrida.

O diretor disse que o trabalho da OMS “também salva pessoas como Ali, cujo mundo se desfez no ano passado, quando soube que os oito filhos e esposa tinham cólera.”

A família foi tratada num centro do Hospital Al-Sabeen, apoiado pela OMS e Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e todos sobreviveram. Ali disse ao representante da OMS que “uma nova vida foi concedida para a sua família.”

Quando os conflitos começaram em 2015, o Iêmen já estava entre os países mais pobres do mundo.
Quando os conflitos começaram em 2015, o Iêmen já estava entre os países mais pobres do mundo. , by PMA/Reem Nada

Ajuda

Al-Mandhari afirmou que, apesar da tragédia no Iêmen, histórias como a de Ali e Khadeeja mostram que o trabalho da ONU faz a diferença.

No ano passado, com 81% do Plano de Resposta Humanitária financiado, a OMS conseguiu ajudar 13 milhões de pessoas, ultrapassando o objetivo de 10 milhões.

Apoio

O representante pediu que a comunidade internacional continue apoiando este trabalho. Para 2019, a OMS e os parceiros na área da saúde precisam de US$ 627 milhões como parte do Plano de Resposta Humanitária.

Esse apoio deve permitir melhorar o acesso a cuidados de saúde primários, secundários e terciários, capacitar hospitais em distritos prioritários para responder a epidemias e surtos, e restaurar instalações de saúde fechadas ou danificadas em distritos de alta prioridade.

O diretor regional lembrou que esta é “a pior crise humanitária do mundo” e pediu a todas as partes envolvidas que protejam os funcionários e as unidades de saúde e assegurem acesso seguro e sustentado à ajuda humanitária para entrar no país.

Al-Mandhari terminou a mensagem dizendo esperar que “as partes envolvidas cheguem a um acordo de paz sustentado, que é a única resposta sustentável às necessidades humanitárias no Iêmen.”