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Nações Unidas alertam para “populismo nacionalista” que promove racismo

Secretário-geral disse que o preconceito racial continua a envenenar instituições
Foto ONU/Tobin Jones
Secretário-geral disse que o preconceito racial continua a envenenar instituições

Nações Unidas alertam para “populismo nacionalista” que promove racismo

Direitos humanos

ONU assinala Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial esta quinta-feira; Guterres profundamente alarmado" com o actual aumento da xenofobia, do racismo e da intolerância; Unesco lembra que combater o racismo é “uma questão de dignidade humana.”

As Nações Unidas assinalam este 21 de março o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial. O tema deste ano é “Mitigando e combatendo o populismo nacionalista e as ideologias supremacistas”.

A ONU destaca que há movimentos extremistas racistas baseados em ideologias, que buscam promover agendas populistas e nacionalistas, que se espalham em várias partes do mundo. Estes grupos “alimentam o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância, muitos visam migrantes e refugiados, bem como pessoas de ascendência africana”.

Promessa

O chefe da OU lembra que nenhum país ou comunidade "está imune ao ódio racial e religioso e ao terrorismo de fanáticos" e mostra-se  "profundamente alarmado".
O chefe da OU lembra que nenhum país ou comunidade "está imune ao ódio racial e religioso e ao terrorismo de fanáticos" e mostra-se  "profundamente alarmado".Foto ONU/ Manuel Elias

Em mensagem especial, o secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatiza que este dia é uma ocasião para todos renovarem "a promessa de acabar com o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância, o anti-semitismo e o ódio antimuçulmano." Guterres lembra que  "o recente massacre em duas mesquitas na Nova Zelândia é a mais recente tragédia enraizada em tal veneno."

O chefe da ONU lembra que nenhum país ou comunidade "está imune ao ódio racial e religioso e ao terrorismo de fanáticos" e mostra-se  "profundamente alarmado" com o atual aumento da xenofobia, do racismo e da intolerância. Para ele, o discurso de ódio está a enraizar-se através das redes sociais e da rádio." Uma realidade que  ameaça os valores democráticos, a estabilidade social e a paz.

Direitos Humanos

A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Unesco, considera que “combater o racismo é uma questão de dignidade humana e de construção de um mundo melhor”.

Audrey Azulay lembra que “a defesa da diversidade, da inclusão, da não-discriminação e de uma cultura de paz e de solidariedade sempre estiveram no cerne da missão da Unesco.”

Em mensagem especial sobre este dia, a representante alerta que a internet pode ser um "terreno fértil" para propagar a discriminação racial, a xenofobia e as ideologias supremacistas, "cujos alvos são frequentemente os migrantes, os refugiados ou ainda os afrodescendentes.”

Michelle Bachelet apresentou recentemente seu relatório sobre racismo
Michelle Bachelet considera que este dia é uma que é uma ocasião “para todos renovarem o seu compromisso em acabar com a racismo.Foto ONU/ Violaine Martin

Também a alta comissária dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet, considera que este dia é uma ocasião “para todos renovarem o seu compromisso em acabar com a racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância relacionada.”

Bachelet constata um “surgimento de movimentos que promovem a supremacia racial, que denigrem os migrantes e as minorias”.

Resolução

Numa resolução recente sobre a eliminação do racismo, a Assembleia Geral das Nações Unidas reiterou que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, e têm o potencial de contribuir construtivamente para o desenvolvimento e o bem-estar da sociedade.

O documento também enfatiza que qualquer doutrina de superioridade racial é “cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa”. Por isso, deve ser rejeitada, juntamente com teorias que tentam determinar a existência de raças humanas separadas.

A relatora especial sobre Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, E. Tendayi Achiume analisou a ameaça representada pelo populismo nacionalista aos princípios fundamentais de direitos humanos de não-discriminação e igualdade. Recentemente, a especialista lançou um relatório sobre o populismo nacionalista.

Ela condenou o populismo nacionalista que promove práticas e políticas que excluem ou que reprimem, prejudicando indivíduos ou grupos com base na sua raça, etnia, nacionalidade e religião, ou outras categorias sociais relacionadas.

História

No Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial é lembrado o 21 de março de 1960, quando a polícia abriu fogo e matou 69 pessoas numa manifestação pacífica em Sharpeville, na África do Sul, contra as "leis de aprovação" do Apartheid.

Proclamando o Dia em 1966, a Assembleia Geral convida, todos os anos, a comunidade internacional a redobrar seus esforços para eliminar todas as formas de discriminação racial.

Discriminação racial

De acordo com a ONU, a discriminação racial e étnica ocorre diariamente, dificultando o progresso de milhões de pessoas em todo o mundo.

O racismo e a intolerância podem assumir várias formas, desde negar aos indivíduos os princípios básicos da igualdade até alimentar o ódio étnico que pode levar ao genocídio, e todos podem destruir vidas e fraturar comunidades.

A luta contra o racismo é uma questão prioritária para a comunidade internacional e está no centro do trabalho do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Assista na íntegra à mensagem, em inglês, da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, sobre este dia:

International Day for the Elimination of Racial Discrimination – High Commissioner for Human Rights