Ciclone em Moçambique: “Isto exige de nós uma logística muito grande”
Ministra comenta sobre impacto social, efeitos do mau tempo e assistência a mulheres e crianças; representante disse à ONU News que autoridades incentivam atos de solidariedade em prol das vítimas.
A ministra do Género, Criança e Ação Social de Moçambique disse que a prestação de ajuda às vítimas do mau tempo é um desafio, quando o país responde aos efeitos da tempestade que causou pelo menos 66 mortos e 111 feridos. Mais de 600 mil pessoas ficaram afetadas com a chegada do ciclone Idai, na quinta-feira.
Cidália Chaúque falou à ONU News, em Nova Iorque, sobre como a sua área de tutela lida com o impacto de desastres. O tema proteção social, serviços públicos e infraestrutura marca a 63ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW63.
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Vulnerabilidade
Há um movimento de solidariedade para acolhimento de pessoas, questões de saúde no sentido de reduzir índices de doenças que advém destas situações.
A ministra explicou que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Ingc, tem atuado desde o início do mau tempo e acompanha o percurso do ciclone tropical Idai.
“As calamidades naturais trazem consigo constrangimentos para as famílias, para as comunidades, trazem situações desastrosas, onde nós encontramos a destruição de casas, encontramos famílias sem abrigos e até sem condições para poderem alimentar-se. Naturalmente, são as crianças que ficam em situação de vulnerabilidade, são as crianças que vão perder o ciclo escolar e isto exige de nós uma logística muito grande.”
Mais de 141 mil pessoas já foram afetadas pelo mau tempo no centro e norte, nas províncias de Manica, Sofala, e sul de Tete. As autoridades moçambicanas emitiram um alerta vermelho sobre o ciclone tropical Idai e prestam assistência humanitária às vítimas.
Sensibilização
Cidália Chaúque disse que a prestação de ajuda requer um despertar de atos solidários.
“Já estamos a trabalhar no sentido da solidariedade. O nosso país é solidário. Há um movimento de solidariedade para acolhimento de pessoas, questões de saúde no sentido de reduzir índices de doenças que advém destas situações. Há muito trabalho de sensibilização que está a ser feito. Esperamos que este ciclone não traga maiores números de danos e perdas humanas, acima de tudo.”
As autoridades criaram 10 centros de trânsito nas províncias da Zambézia e Tete. No total, mais de 168 mil hectares de culturas foram afetados pela situação, que levanta a questão da falta de provisões para os afetados.
O principal, neste momento, é a condição de saúde e a alimentação para elas poderem sobreviver a estas situações.
Sobreviver
“São crianças que ficam desamparadas. São famílias que ficam desamparadas. São mulheres e homens que ficam desamparados, a partir do momento em que perdem o seu abrigo e precisam de uma assistência. O governo tem que dar assistência a estas pessoas. Tem que criar condições mínimas para dar estabilidade e tem que encontrar alimentação para elas. O principal, neste momento, é a condição de saúde e a alimentação para elas puderem sobrevier a estas situações.”
A outra preocupação da ministra é a superação dos efeitos a longo prazo causadas pelas inundações e pelo ciclone.
“É preciso criar condições para o período chuvoso. Precisamos de condições para que elas possam aguentar com esta situação. Tudo isto traz tristeza, mas é preciso encontrar espaço para que elas superem automaticamente e, acima de tudo. Mas tem que se encontrar acolhimento para as crianças. O que nós temos estado a fazer é a sensibilização para que se retirem dos locais perigosos. E, logo a seguir, encontra-se imediatamente espaço para a recuperação imediata destas famílias. A recuperação imediata é muito importante.”
O Escritório das Nações Unidas em Moçambique coordena a resposta de organizações e agências internacionais, e mobiliza a ajuda liderada pelo governo para várias áreas afetadas pelo mau tempo no país.