ONU pede mais apoio da comunidade internacional para os sírios
Cerca de 11,7 milhões de pessoas precisam de alguma forma de ajuda humanitária e proteção; 83% dos sírios vivem abaixo da linha da pobreza e as pessoas estão cada vez mais vulneráveis; conferência internacional começa esta quinta-feira em Bruxelas.
As Nações Unidas lembram que a crise na Síria ainda não terminou e apelaram “à manutenção e apoio em larga escala a sírios vulneráveis, refugiados e às comunidades que os acolhem.”
O apelo foi feito na véspera da Conferência de Bruxelas sobre o Futuro da Síria e da Região que reunirá os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, representantes do sistema da ONU e outros parceiros.
Necessidades

À medida que a crise entra no seu nono ano, as necessidades humanitárias dentro da Síria permanecem em níveis recordes. Atualmente, 11,7 milhões de pessoas precisam de alguma forma de ajuda humanitária e proteção.
Cerca de 6,2 milhões de pessoas estão deslocadas no país e mais de 2 milhões de meninos e meninas estão fora da escola. Estima-se que 83% dos sírios vivem abaixo da linha da pobreza e as pessoas estejam cada vez mais vulneráveis devido à perda ou à falta de meios de subsistência sustentados.
O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, recorda que “sem uma injeção imediata e substancial de fundos, o fornecimento de recursos que salvam vidas como alimentos, água, assistência médica, abrigo e serviços de proteção provavelmente será interrompido."
Para o representante é “vital que a comunidade internacional permaneça ao lado de todas as mulheres, homens, meninas e meninos na Síria que precisam de ajuda para atender às necessidades básicas de uma vida digna.”
Refugiados
O longo conflito está também a impulsionar a maior crise de refugiados do mundo. Existem mais de 5,6 milhões de refugiados sírios.
A ONU procura agora aumentar o financiamento, estimando que são necessários US$ 3,3 bilhões para conseguir dar resposta às necessidades humanitárias na Síria, e ao plano de resgate e resiliência de US$ 5,5 bilhões para os países vizinhos.
O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, destaca que está “profundamente preocupado com a crescente lacuna entre as enormes necessidades e o apoio disponibilizado para aos refugiados.”
Grandi afirmou ainda que caso haja menos assistência devido a cortes no financiamento “os refugiados são forçados a fazer escolhas agonizantes todos os dias, como tirar as crianças da escola para trabalhar ou reduzir o número de refeições.”
Apelo

As Nações Unidas apelam, por isso, que “a comunidade internacional continue o curso de apoio aos milhões de refugiados sírios que vivem nos países vizinhos e ainda precisam de proteção e assistência.”
Um apoio que para a ONU deve também ser estendido às comunidades anfitriãs locais e aos governos “que têm abrigado milhões de refugiados sírios nos últimos oito anos.”
O administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, Achim Steiner, é outro dos participantes na conferência e destaca que “a pobreza está a aumentar, as infraestruturas básicas de serviços foram danificadas ou destruídas e o tecido social foi pressionado até o limite.”
Para ele, “os governos anfitriões e as comunidades dos países vizinhos da Síria precisam de apoio para manter o curso de estender sua generosidade aos refugiados e, ao mesmo tempo, manter o ímpeto do seu próprio caminho de desenvolvimento.”
Financiamento
Segundo a ONU, apesar do generoso financiamento dos doadores em 2018, apenas 65% dos US$ 3,4 bilhões necessários foram recebidos. O plano regional de refugiados e resiliência que solicitou US$ 5,6 bilhões para 2018 teve uma taxa de execução de apenas 62%.
Os três diretores das Nações Unidas deixam um apelo conjunto de que “a comunidade de doadores internacionais que se comprometam generosamente em 2019, durante a conferência de alto nível” de quinta-feira.