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São necessários 107 anos para alcançar paridade na representação das mulheres na política

María Fernanda Espinosa e Kersti Kaljulaid, presidente da Estónia, Katrín Jakobsdóttir, primeira-ministra da Islândia e Paula-Mae Weekes, presidente de Trinidad e Tobago.
ONU/Mark Garten
María Fernanda Espinosa e Kersti Kaljulaid, presidente da Estónia, Katrín Jakobsdóttir, primeira-ministra da Islândia e Paula-Mae Weekes, presidente de Trinidad e Tobago.

São necessários 107 anos para alcançar paridade na representação das mulheres na política

Assuntos da ONU

Assembleia Geral juntou líderes mundiais no evento “Mulheres no Poder”; Nações Unidas pretendem alcançar o equilíbrio em todos os níveis de liderança da organização até 2021.

As Nações Unidas informaram que serão precisos 107 anos para se alcançar a paridade na representação das mulheres na política, apesar dos avanços “que acontecem em alguns países”.

Cerca de 90% dos chefes de Estado e de governo são homens e 76% dos parlamentares são de sexo masculino, segundo a presidente da Assembleia Geral. María Fernanda Espinosa pediu uma ação mais forte nesta área.

Mulheres no Poder

A representante lembrou que a grande maioria dos países nunca foi governada por uma mulher, uma tendência que se repete em todas as regiões do mundo. Em 2015, a projeção era que  em 30 anos essa lacuna fosse coberta.

Para a presidente "é preciso mais mulheres na política e de todas as idades. Dos movimentos de base aos mais altos escalões do governo".

Espinosa falava na abertura do evento “Mulheres no Poder”, que esta terça-feira abordou a participação feminina em posições de liderança. O evento foi realizado às margens da 63ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW63.

A representante destacou que muitas vezes mulheres candidatas, políticas, ministras, parlamentares, prefeitas e líderes comunitárias enfrentam grandes barreiras.

Esses obstáculos são a resistência dentro de seus próprios partidos, o duplo padrão e o tratamento discriminatório por certos meios de comunicação.

Evento de alto nível "Mulheres no Poder" foi realizado às margens da 63ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher.
ONU/Evan Schneider
Evento de alto nível "Mulheres no Poder" foi realizado às margens da 63ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher.

Testemunho

Espinosa ressaltou estereótipos sociais que para as pessoas “importam mais do que suas ideias”. Essas ideias preconcebidas incluem opiniões sobre vestuário e que “quando mulheres se expressam ou ocupam posições de alta responsabilidade, a sociedade é duas vezes mais exigente”.

A presidente da Assembleia Geral elogiou o secretário-geral, António Guterres, a quem considerou um "testemunho de que quando há vontade política e liderança, é possível mudar o curso da história".

O chefe da ONU disse que "pela primeira vez, o Grupo de Gestão Sênior da ONU é composto por mais mulheres do que homens”. Guterres destacou ainda que pela primeira vez foi alcançada a paridade entre os coordenadores residentes, as principais autoridades no terreno.

Níveis de Liderança

O secretário-geral observou que a resistência e os obstáculos para alcançar progressos continuam, mas prometeu que será feito cada vez mais para enfrentar os retrocessos e não desistir até que seja alcançada a paridade em todos os níveis.

A ONU pretende alcançar o equilíbrio em todos os níveis de liderança até 2021.  Guterres lamentou que essa medida "ainda esteja longe de ser alcançada em outras partes do mundo".

Os líderes que participaram no evento incluem a presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarović, da Estônia, Kersti Kaljulaid, a primeira-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir e a presidente de Trinidad e Tobago, Paula-Mae Weeks.