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Sudão do Sul vive “cinco meses de ambiente mais estável”

Reunião no Conselho de Segurança
Foto ONU: Eskinder Debebe
Reunião no Conselho de Segurança

Sudão do Sul vive “cinco meses de ambiente mais estável”

Assuntos da ONU

Enviado das Nações Unidas fala de uma baixa significativa de níveis de violência política; milhares de sul-sudaneses mostram-se dispostos a voltar para casa pela primeira vez em três anos.

O representante especial do secretário-geral no Sudão do Sul disse ao Conselho de Segurança que “o custo do fracasso é impensável” para o acordo de paz.

Em atualização apresentada esta sexta-feira, David Shearer disse que apesar de a principal responsabilidade  de manter este entendimento recair sobre as partes no conflito "há obrigação da comunidade internacional de apoiar o cumprimento".

Oportunidade

O acordo de paz foi assinado entre o Governo do Sudão do Sul e os grupos armados, em 12 de setembro. Para o enviado, este pacto ainda “está longe de ser perfeito”. Mas segundo ele, o atual acordo “é o possível e não haverá outra oportunidade”.

Representante especial do secretário-geral no Sudão do Sul, David Shearer

Shearer reconheceu que “o sofrimento continua” no mais novo país do mundo. Ele apontou que “cinco meses de ambiente mais estável” não podem corrigir os níveis de insegurança alimentar de dia para a noite e a falta de serviços de saúde ou de educação.

O representante alertou ainda que a assistência humanitária ainda é necessária para os necessitados e aqueles que têm retornado para suas casas.

O também chefe da Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, vê os progressos como o testemunho de esforços das partes de que estas “construíram a confiança suficiente entre si e se comprometeram a trabalhar juntas para paz duradoura”.

Processo de Paz

Ele disse que a primeira mudança é que os políticos da oposição de vários grupos se movimentam livremente em torno da capital sul-sudanesa, Juba. Para Shearer, não haver impedimentos e estes participam em várias reuniões do processo de paz. 

O representante também apontou os mais de 71 encontros realizados entre representantes do Governo do Sudão do Sul, das forças do Spla na Oposição e outros políticos para aproximar as partes em todo o país.

Pessoas em Juba, no Sudão do Sul, protegem-se de confrontos.

Um terceiro sinal positivo é a redução dos níveis de violência política de forma significativa. O enviado considera que muitas pessoas estão vivas e isso não aconteceria se o acordo não fosse assinado.

Shearer disse que um quarto sinal encorajador é que, pela primeira vez em três anos, as pessoas mostram-se dispostas a voltar para casa. Cerca de 135 mil refugiados já retornaram e vários deslocados internos disseram ter a mesma intenção.

Estima-se que 2,3 milhões de sul-sudaneses são refugiados e 1,9 milhão deslocados internos. O número de pessoas que fugiram de suas casas corresponde a um terço da população total sul-sudanesa.