Com promessas de US$ 2,6 bilhões, ONU destaca “sucesso” da conferência de doadores sobre o Iêmen
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos lideram doações; secretário-geral António Guterres disse que evento é ponto de partida para recolha de apoio humanitário.
As Nações Unidas anunciaram que as doações para garantir operações humanitárias no Iêmen já atingiram US$ 2,6 bilhões. O resultado marcou a conferência de doadores realizada esta terça-feira em Genebra.
O secretário-geral considerou que o evento foi “um sucesso”. António Guterres explicou que o montante corresponde a um aumento de 30% em relação aos US$ 2,01 bilhões colocados ao dispor da comunidade humanitária no ano passado.
Promessas
O propósito das Nações Unidas é sustentar e ampliar esses tipos de ações, num momento em que a ajuda humanitária é essencial para milhões de iemenitas.
Na conferência, representantes de 16 países anunciaram promessas e um aumento significativo foi feito por parceiros como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, União Europeia, Alemanha e Canadá.
Falando a jornalista no fim do evento, o chefe da ONU disse que a esperança é que a conferência de doadores seja um ponto de partida. Ele disse acreditar que até o fim do ano haverá outras formas de apoio, promessas e contribuições para assegurar que sejam abordadas as necessidades extremamente dramáticas do povo iemenita.
O chefe da ONU disse que os iemenitas merecem solidariedade, porque foram capazes de abrir sempre suas fronteiras para refugiados vindos de países como a Somália e de outras partes da região, com enorme solidariedade. Ele destacou a generosidade do país com refugiados e pessoas necessitadas.
Fim do Conflito
Guterres considerou importante abordar os problemas humanitários dos iemenitas, mas para ele o essencial é acabar com o conflito.
O secretário-geral elogiou o cessar-fogo para a cidade portuária de Hodeida que foi recentemente alcançando pelas partes do conflito em Estocolmo, e pelos entendimentos sobre outros aspectos. Ele destacou que a esperança do fim do conflito é acompanhada por desafios na implementação desse acordo.
O país enfrenta a pior crise humanitária do mundo. As Nações Unidas estimam que 24 milhões de pessoas, ou 80% da população, precisam de ajuda e proteção.
A meta da conferência de doadores era alcançar US$ 4 bilhões dos Estados-membros para avançar com ações de auxílio para beneficiar mais de 21 milhões de pessoas.
Comparação
De acordo com a ONU, 10 milhões de pessoas estão apenas a um passo da fome. Mais da metade do financiamento deve ser canalizado para ajuda alimentar de emergência a 12 milhões de pessoas, um aumento de 50% em comparação ao ano passado.
O subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, disse que o conflito tem afetado mais as mulheres e crianças. Segundo ele, as crianças não começaram a guerra no Iêmen, mas estão pagando o preço mais alto.
Cerca de 360 mil menores de idade sofrem de desnutrição aguda severa, lutando por suas vidas todos os dias.
Risco
Em relação a mulheres e meninas, Lowcock disse que estão sofrendo uma crise dentro de uma crise. Elas estão em maior risco de violência sexual e de gênero e de casamento infantil.
Mais de dois terços das meninas iemenitas são casadas antes de completarem 18 anos, o que marca uma subida de 50% em relação aos valores de antes do início do conflito.