Esperança de paz no Oriente Médio diminui todos os dias, diz enviado da ONU
Conselho de Segurança realizou encontro para debater situação na região; secretária-geral assistente das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Ursula Mueller, também participou na sessão.
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, disse esta quarta-feira ao Conselho de Segurança que está “preocupado com o aumento do extremismo e o risco de guerra” entre israelenses e palestinos.
Mladenov, falando por videoconferência, afirmou que "a perspectiva de paz duradoura está desaparecendo dia após dia, à medida que cresce a escala de violência e radicalismo."
Acompanhe aqui, em inglês, o encontro:
Trabalho
O enviado disse que as Nações Unidas estão trabalhando para que a solução de dois Estados continue sendo viável. Para ele, “a primeira coisa que é necessária é liderança" e “a vontade política de mudar.”
Segundo Mladenov, até que isso seja conseguido, “palestinos e israelenses continuarão a deslizar para uma área cada vez mais perigosa."
O coordenador especial informou que “medidas unilaterais, violência persistente, pressões financeiras e falta de progresso no caminho para a paz pesam muito sobre a sociedade palestina e minam os fundamentos da paz”.
Esforços
Em 2018, a Autoridade Palestina tinha um déficit de orçamento de US$ 1,04 bilhão, com mais de 60% desse valor coberto por doadores. Em 2019, a situação deve piorar.
De acordo com o enviado da ONU, apesar dos esforços do Egito para reunir as diferentes facções palestinas, algumas medidas políticas recentes podem aumentar ainda mais a lacuna entre a Cisjordânia e Gaza.
Segundo o enviado, as Nações Unidas e alguns parceiros fizeram uma série de recomendações "que, se implementadas efetivamente, começariam a criar um ambiente propício para a retomada das negociações."
Ajuda humanitária
A secretária-geral assistente da ONU para os Assuntos Humanitários, Ursula Mueller, também participou no encontro.
A representante disse que a situação humanitária nos territórios palestinos, sobretudo na Faixa de Gaza, piorou em 2018.
Segundo ela, isso inclui “um aumento no número de vítimas relacionadas a protestos na Faixa de Gaza, restrições à circulação de pessoas e restrições de propriedade e financeiras."
Mueller afirmou que “o sistema de saúde em Gaza está em perigo de entrar em colapso."
A situação humanitária na Cisjordânia é menos grave, mas muitas famílias e comunidades palestinas na chamada Área C, na cidade de Hebron e em Jerusalém Oriental enfrentam uma pressão crescente.
Mueller alertou que "demolições, despejos, restrições de movimento e acesso, e aumento da violência dos colonos continuam a criar um ambiente propício para a transferência forçada de muitos palestinos."
Fundos
Além da deterioração das condições humanitárias, a capacidade da comunidade humanitária para fornecer ajuda é cada vez mais limitada.
A representante informou que, no ano passado, o financiamento estava no nível mais baixo. O apelo para 2018 foi financiado apenas 46%, abaixo da média global de 60%. Esta baixa inclui os cortes feitos à Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, mas também outras agências das Nações Unidas e ONGs.