FAO alerta sobre praga de gafanhotos do deserto no nordeste da África e Arábia Saudita
Surto teria sido provocado por chuvas fortes; pequeno enxame de gafanhotos chega a consumir quantidade de alimentos suficiente para alimentar 35 mil pessoas no mesmo período.
Os gafanhotos do deserto formam a peste migratória mais perigosa do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO, com o vento, o inseto é capaz de voar até 150 quilômetros em um dia.
A agência da ONU informou que chuvas fortes e ciclones que aconteceram recentemente fizeram aparecer este tipo de gafanhoto, provocando o desenvolvimento de um surto no Sudão e na Eritréia. A praga estaria se espalhando rapidamente por ambos os lados do Mar Vermelho para a Arábia Saudita e o Egito.
Infestação
A FAO pediu a todos os países afetados que aumentem a vigilância e estratégias de controle para conter a infestação destrutiva e proteger as plantações da peste.
Boas quantidades de chuva ao longo das planícies costeiras do Mar Vermelho na Eritréia e no Sudão teriam permitido a procriação de duas gerações de gafanhotos desde outubro, levando a um aumento substancial e à formação de enxames.
Mar Vermelho
No meio de janeiro deste ano, pelo menos um enxame teria cruzado o Mar Vermelho para a costa norte da Arábia Saudita. Uma semana após este movimento ocorreram outras migrações.
No final do mês grupos de insetos adultos e alguns enxames também teriam se movido para o norte ao longo da costa, para o sudeste do Egito. Alguns deles já teriam chegado aos Emirados Árabes Unidos e ao sul do Irã, com um risco potencial de se espalhar ainda mais em direção à fronteira da Índia com o Paquistão.
Pulverização
Operações de pulverização aérea foram realizadas no Sudão e na Arábia Saudita. Estas foram suplementadas por medidas de controle em terra em ambos os países, assim como na Eritreia e no Egito, com um tratamento de mais de 80 mil hectares desde dezembro.
De acordo com o responsável sênior da FAO sobre a previsão de gafanhotos, Keith Cressman, “os próximos três meses serão críticos controlar a situação dos gafanhotos, antes do início da procriação do verão.”
Controle
Até 21 fevereiro, a FAO realiza uma reunião de cinco dias com os países afetados para revisar a situação atual. O objetivo é intensificar as inspeções e operações de controle.
De acordo com a agência da ONU, a procriação continuará em fevereiro na costa do Mar Vermelho no Sudão e na Eritréia, provocando um aumento ainda maior nos grupos e enxames de insetos adultos.
Segurança Alimentar
A espécie dos gafanhotos do deserto tem chifres curtos que podem formar grandes enxames e ameaçar as produções agrícolas, a subsistência, a segurança alimentar e o desenvolvimento ambiental e econômico.
As fêmeas podem colocar até 300 ovos durante a vida. Um enxame pequeno chega a consumir a mesma quantidade diária de alimentos suficiente para 35 mil pessoas no mesmo período.
A FAO destaca o impacto arrasador que os gafanhotos podem ter nas plantações e que estes são uma ameaça para a segurança alimentar, principalmente em áreas que já são vulneráveis.