Opas traça retrato da saúde na região das Américas BR

Desnutrição crônica afeta 10% das crianças menores de cinco anos; gastos com saúde pública no Brasil em 2015 foi de 3,8% do PIB, comparado com 4,9% na Argentina e no Chile e 6,4% no Uruguai.
A cada ano, 15 milhões de bebês nascem na região das Américas e quase sete milhões de pessoas morrem. Já a expectativa de vida é de 80,2 anos para as mulheres e 74,6 para os homens.
Mais de oito em cada 10 pessoas vivem em áreas urbanas.
Esses dados constam em relatório publicado pela Organização Pan-americana de Saúde, Opas. O estudo, “Indicadores Básicos 2018” traça um retrato da saúde na região, onde vivem mais de um bilhão de pessoas.
Produzido anualmente, o relatório apresenta os dados mais recentes de 49 países e territórios sobre a situação demográfica e socioeconômica das Américas, o estado de saúde da população, os fatores de risco e a cobertura dos serviços e sistemas de saúde.
O documento mostra, por exemplo, que a cada ano na região das Américas morrem aproximadamente 6 mil mulheres de causas relacionadas à gravidez. A ocorrência de óbitos infantis é de quase 164 mil.
No Brasil, um dos países analisados, o índice comunicado de mortalidade materna em 2016 foi de 64,4 para cada 100 mil mulheres. A taxa de mortalidade infantil foi de 14 mortes por cada mil bebês.
No país, a expectativa de vida no nascimento ficou em 75,9 anos e o tempo médio de escolaridade foi 7,4 anos.
Em 2017, a América Latina e o Caribe notificaram aproximadamente 580 mil casos de dengue. Destes, 44% ocorreram Brasil, que teve mais de 252 mil casos.
A malária atingiu 569.204 pessoas na região em 2016. Mais de 129 mil destas ocorrências foram no Brasil.
O país teve também 90% dos casos de hanseníase, com 28 mil das 31 mil ocorrências registradas.
Em termos de gastos com a saúde pública, em 2015, o Brasil destinou 3,8% do PIB para este fim. Na Argentina e no Chile o gasto foi de 4.9% do PIB e no Uruguai 6,4%.
A média na região é de 5% do PIB, abaixo dos 6% recomendados pela Estratégia da OPAS para o Acesso e Cobertura Universal de Saúde. A porcentagem na América do Norte, 8%, é o dobro da registrada na América Latina e Caribe.
A diretora da OPAS, Carissa Etienne, lembra que “os indicadores são um elemento essencial na produção de evidências em saúde” para que “a tomada de decisões seja mais informada e leve a maiores oportunidades para intervenções efetivas que tenham um impacto maior nos resultados de saúde.”
Na região, o relatório indica que as mulheres nas Américas têm em média dois filhos. No entanto, há diferenças sub-regionais. Na América Latina e no Caribe 61 em cada mil mulheres são mães adolescentes, dando à luz quando têm entre os 15 e os 19 anos.
Já na América do Norte apenas 18 em cada mil mulheres são mães ainda adolescentes.
Analisando as doenças não transmissíveis, o estudo conclui que as enfermidades cardíacas, câncer e derrames são as principais causas de morte nas Américas.
Em toda a Região, a taxa de mortalidade por doenças não transmissíveis é de 427,6 pessoas por 100 mil habitantes, sete vezes maior do que a taxa de mortalidade por doenças transmissíveis, com 59,9 pessoas por 100 mil habitantes.
A taxa de diagnóstico do HIV foi de 14,6 pessoas por 100 mil habitantes em toda a região e, para cada novo diagnóstico de HIV entre as mulheres, houve 3,6 diagnósticos de HIV entre homens.
No Brasil, a taxa de diagnóstico de HIV por cada 100 mil habitantes, em 2016, ficou em 18.2 e a de tuberculose em 35.2.
Em relação aos fatores de risco, 8% dos recém-nascidos na região tem baixo peso ao nascer, menos de 2.500 gramas. A desnutrição crônica afeta 10% das crianças menores de cinco anos e 6% das crianças da mesma faixa etária estão acima do peso.
As taxas de sobrepeso e obesidade são altas entre os adultos nas Américas. Em 2016, 64% dos homens e 61% das mulheres tinham sobrepeso ou obesidade. Além disso, 39% dos adultos não realizam atividade física suficiente.
Na região, 13% dos adolescentes consomem tabaco, um percentual que varia entre os países, de um mínimo de 3,8% no Canadá a 25% no Chile e na Dominica.
A hipertensão arterial afeta 21% dos homens e 15% das mulheres na região, enquanto o diabetes mellitus afeta 9% dos homens e 8% das mulheres.
Nas Américas, existem em média 18 médicos, 59,7 enfermeiros e 6,7 dentistas por 10 mil habitantes.
A doação de sangue de doadores voluntários, a maneira mais segura de coletar sangue, variou de 100% na América do Norte a uma média de 40% no restante da região.
A publicação deste ano também inclui três características especiais. O estudo oferece informação sobre a carga de doenças atribuíveis à poluição do ar, recomendações sobre as limitações da análise epidemiológica ao lidar com números pequenos e um mapa mostrando a distribuição de homicídios nos países da região.