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Fome aumenta na África e afeta mais de 257 milhões de pessoas

Distribuição de alimentos pelo PMA no Sudão do Sul.
PMA/Gabriela Vivacqua
Distribuição de alimentos pelo PMA no Sudão do Sul.

Fome aumenta na África e afeta mais de 257 milhões de pessoas

Direitos humanos

Relatório menciona progressos substanciais de Angola na redução da subnutrição; com 30%, Moçambique tem maior proporção de desnutridos entre lusófonos africanos; subnutrição afeta um quinto da população africana.

Um novo relatório das Nações Unidas revela que 257 milhões de pessoas passam fome no continente africano. Destas, 237 vivem na África Subsaariana e 20 milhões no norte do continente.

Segundo o estudo Visão Regional da África sobre Segurança Alimentar e Nutrição, lançado esta quarta-feira, existem mais 34,5 milhões de pessoas subnutridas no continente em comparação com 2015. Desse número, 94% vive na região subsaariana.

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Entre os lusófonos, a maior prevalência da desnutrição foi observada em Moçambique com 30% em 2017, by ONU News/Ouri Pota

Esforços

O documento destaca que a fome continua a aumentar no continente após vários anos de declínio, ameaçando os esforços de erradicação.

Entre os lusófonos, a maior prevalência da desnutrição foi observada em Moçambique com 30% em 2017. A Guiné-Bissau tem 26%, Angola 12,9%, Cabo Verde 12,3% e São Tomé e Príncipe 10,2%

Segundo a pesquisa, Angola está entre os países do continente que “fizeram progressos substanciais” na redução da prevalência da subnutrição, em 10 ou mais pontos percentuais, desde 2004. Esse avanço foi impulsionado pela média de 4,1% de crescimento econômico ocorrido no país entre 2005 e 2016.

Moçambique é considerada uma das nações mais afetadas pelos choques climáticos, que em 2016 criaram déficits excecionais de produção e a falta generalizada de acesso a alimentos. Essa situação levou o país a precisar de assistência urgente no início do ano seguinte. Cerca de 67% dos rendimentos no país foram aplicados na compra de alimentos.

População

Diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo. Agência quer que autoridades envolvam os moradores das cidades no projeto
Diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, by FAO/Roberto Cenciarelli

A publicação foi apresentada na capital etíope, Adis Abeba, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, e pela Comissão Econômica da ONU para África, ECA.

Para a diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, os altos índices de desnutrição mostram que mais pessoas continuam sofrendo dessa condição em África do que em qualquer outra região. Em 2017, 20% da população africana estava subnutrida.

A representante destacou que o agravamento da tendência no continente deve-se à difícil situação econômica global e à piora das condições ambientais. Em muitos países, essa situação é combinada com os conflitos e o clima extremo.

Matérias-primas

Outro fator foi o crescimento econômico que desacelerou em 2016, impulsionado pelos preços baixos das matérias-primas, especialmente do petróleo e dos minerais.

Em países afetados por conflitos, a insegurança alimentar piorou muitas vezes devido à ocorrência de secas ou inundações. Um dos exemplos é o da África Meridional e Oriental, onde vários países sofreram com o período de seca. 

O documento destaca que quase metade do aumento de pessoas que passam fome registrado nos últimos quatro anos deveu-se ao crescimento do número de pessoas subnutridas na África Ocidental e Oriental.

 

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