Grupo armado liberta 119 crianças-soldado no Sudão do Sul
Menores foram desintegrados do Movimento de Libertação Nacional em Yambio; novos atos de violência em Equatória Central provocam fuga de milhares para a República Democrática do Congo.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, ajudou a libertar 119 crianças-soldado dos combatentes do Movimento de Libertação Nacional do Sudão do Sul. No grupo apresentado, esta terça-feira, estavam 48 meninas e o menor de todos tinha 10 anos de idade.
Com essa cerimônia que aconteceu em Yambio, no sudoeste, sobe para 3,1 mil menores desligados de grupos armados desde o início do conflito. Cerca de um terço do total foi libertado desde fevereiro de 2018 por vários grupos armados.
Futuro
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, reagiu ao processo com uma nota declarando que “toda a criança que não está mais com um grupo armado representa uma infância restaurada e um futuro recuperado”.
Para a representante, é animador o fato de mais crianças deixarem de fazer parte de grupos ou forças armadas mas “ainda há um longo caminho a percorrer antes que mais de 19 mil crianças nessas fileiras sejam devolvidas às famílias.”
O processo de desintegração incluiu o registro de cada criança, que recebeu um certificado declarando “não ser mais afiliada ao grupo” que em 2016 assinou um acordo com o governo.
O apoio dado ao grupo de menores inclui manter contato com assistentes sociais, profissionais de saúde e especialistas em educação que avaliam suas necessidades imediatas.
Integração
Os menores também receberam um pacote de reintegração, que inclui roupas, sapatos e outros bens básicos.
Tanto as crianças como as famílias recebem apoio do Unicef para a reintegração dos menores à vida civil e para impedir que sejam novamente recrutada.
Entretanto, a Agência de Refugiados da ONU, Acnur, disse que mais de 5 mil pessoas cruzaram a fronteira do país para escapar dos combates e da violência que afeta civis na província sul-sudanesa de Equatória Central.
A onda de chegadas na República Democrática do Congo, RD Congo, é notável em várias aldeias fronteiriças perto da cidade de Ingbokolo, na província nordestina de Ituri.
Exército
Há igualmente notícias de mais 8 mil deslocadas dentro do Sudão do Sul, próximo da cidade de Yei. Eles fogem de confrontos entre o exército e o grupo rebelde Frente Nacional de Salvação, iniciados em 19 de janeiro.
Os confrontos no estado de Equatória Central, que também faz fronteira com o Uganda, bloqueiam o acesso humanitário às áreas afetadas.
Há informações de recém-chegados na RD Congo que fugiram da violência e chegaram a pé no fim de semana. A maioria são mulheres, crianças e idosos exaustos, com fome e com sede.
O grupo envolve pacientes de malária ou outras doenças. Vários deles sofrem de traumas por terem testemunhado incidentes violentos, incluindo homens armados que supostamente mataram, estupraram civis e saquearam suas aldeias.
Moradores
As pessoas em desespero procuram abrigo em igrejas, escolas e casas abandonadas, ou dormem ao ar livre. A área remota tem aldeias com pouca ou quase nenhuma infraestrutura ou centros de saúde.
Os recém-chegados sobrevivem graças à comida partilhada pelos moradores locais e as estradas e pontes estão danificadas e abandonadas.
O Acnur precisa de fundos para instalar abrigos e distribuir assistência incluindo comida, água e serviços médicos às vítimas do conflito que já provocou mais de 2,2 milhões de refugiados desde que começou em 2013.