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Insegurança priva 3,7 milhões de iemenitas de ajuda alimentar há quatro meses

Quando os conflitos começaram em 2015, o Iêmen já estava entre os países mais pobres do mundo.
PMA/Reem Nada
Quando os conflitos começaram em 2015, o Iêmen já estava entre os países mais pobres do mundo.

Insegurança priva 3,7 milhões de iemenitas de ajuda alimentar há quatro meses

Ajuda humanitária

Alerta é do subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários; Mark Lowcock diz que situação é “indescritível”; ONU e parceiros querem beneficiar 12 milhões de pessoas em 2019. 

O subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, está “profundamente preocupado” porque as Nações Unidas não têm acesso a um armazém com ajuda alimentar no Iêmen desde setembro do ano passado.

Em nota publicada esta quinta-feira, Lowcock diz que esta ajuda “permanece sem ser usada e possivelmente se estraga há quatro meses, enquanto perto de 10 milhões de pessoas no resto do país estão a um passo da fome.”

Lowcock confirmou que uma “terrível tragédia” continua a afetar o Iémen, com “milhões de pessoas famintas, doentes e desesperadas.”
Lowcock confirmou que uma “terrível tragédia” continua a afetar o Iémen, com “milhões de pessoas famintas, doentes e desesperadas.”, by Foto ONU/ Eskinder Debebe

Insegurança

Segundo o responsável, os silos do Mar Vermelho, em Hodeida, guardam cereais suficientes para alimentar 3,7 milhões de pessoas durante um mês. Lowcock diz que “ninguém ganha com esta situação, mas milhões de pessoas famintas sofrem.”

No mês passado, dois silos foram atingidos por morteiros que caíram no complexo, localizado em uma área controlada pelo governo do Iêmen.

Segundo o chefe humanitário, o incêndio que se seguiu “destruiu parte dos cereais, provavelmente o suficiente para alimentar centenas de milhares de pessoas durante um mês.” Lowcock afirma que “estes eventos devem ser deplorados.”

Negociação

Com o passar do tempo, aumenta o risco de deterioração desta ajuda alimentar e o acesso aos silos torna-se cada vez mais urgente.

Até ao momento, forças afiliadas ao movimento houthi têm recusado autorizar as Nações Unidas a cruzar as linhas de frente em áreas controladas pelo governo, citando preocupações de segurança.

Lowcok informa que “as discussões continuam com todas as partes” e agradece “os esforços genuínos que foram feitos por todos os lados para encontrar uma solução.”

Apesar disso, o chefe humanitário afirma que a situação “continua sendo indescritível” e implora a todas as partes que finalizem um acordo que permita o acesso nos próximos dias.

Resposta

Em 2019, as Nações Unidas e os seus parceiros esperam aumentar a sua resposta no Iêmen para chegar a 12 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 50% em relação às metas do ano passado.

Em dezembro, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, chegou a mais de 10 milhões de pessoas, um número recorde.

Lowcock termina a nota dizendo que se pode salvar muitas pessoas, a maioria em áreas controladas pelos houthis, mas que é preciso “mais ajuda das autoridades que controlam essas áreas.”