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No Dia Mundial de Combate ao Câncer, OMS pede reforço de respostas em sistemas de saúde BR

Pesquisa sobre o impacto da pandemia nos serviços de medicina nuclear mostrou tendências preocupantes.
OPS-OMS/Sebastián Oliel
Pesquisa sobre o impacto da pandemia nos serviços de medicina nuclear mostrou tendências preocupantes.

No Dia Mundial de Combate ao Câncer, OMS pede reforço de respostas em sistemas de saúde

Saúde

Agência lança campanha de três anos com o slogan “Eu sou e eu vou”; data este ano destaca combate ao câncer de colo do útero; em 2018, o câncer foi responsável pala morte de cerca de 9,6 milhões de pessoas

Todos os anos, no dia 4 de fevereiro, o mundo se une na luta contra a epidemia global do câncer. A doença é a segunda maior causa de mortes no mundo e somente em 2018, matou cerca de 9,6 milhões de pessoas.

Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer foi lançada uma campanha que durará três anos. Com o slogan "Eu sou e eu vou", a iniciativa é uma chamada à ação ao reforço e a um compromisso pessoal para ajudar a reduzir o impacto da doença. Em 2019 a data também destaca o combate ao câncer do colo do útero. 

Diagnóstico

Falando à ONU News do Rio de Janeiro, a brasileira Sheila Prado contou que foi diagnosticada com câncer de mama em 2003. Depois de passar por sessões de quimioterapia, cirurgia, mastectomia e sessões de radioterapia, ela hoje está na fase de acompanhamento.

“A notícia inicial ela assusta, e ela assusta muito. Quando a gente tem um diagnóstico de câncer a primeira coisa que vem na cabeça é a morte. Mas a gente também sabe que tem a cura, principalmente quando é diagnosticado no início. E uma das coisas muito relevante neste momento é a fé e as pessoas que te rodeiam. Palavras de incentivo, não palavras negativas, e a vontade de viver, a vontade de ser curado. A cura existe, a cura é possível sim.”

Dia Mundial de Combate ao Câncer - depoimento de Sheila Prado

Aspectos Emocionais

Para a psicóloga do Hospital Fundação do Câncer, Erika Pallottino, as questões emocionais passam por todo o processo de cuidado, desde o diagnóstico até, muitas vezes, os últimos cuidados na vida das pessoas.

“Ainda hoje, em 2019, com todos os avanços que a gente tem do ponto de vista médico, o diagnóstico oncológico ainda é muito associado à morte e ao sofrimento. Então, num primeiro momento, as pessoas têm que lidar com estas emoções até entender melhor o tratamento, a relação com a equipe médica e os avanços que a gente sabe que a medicina trouxe em relação a qualidade de vida e aos efeitos do tratamento.”

Pallottino também destaca estudos apontando que o estado emocional, a capacidade de enfrentamento, os recursos saudáveis, do ponto de vista emocional, são facilitadores para as respostas físicas.

“Ansiedade, medo, alguns sintomas como insônia, inclusive o isolamento social, são comuns. Mas, uma vez que a gente ajude as pessoas a estarem mais adaptadas, a conseguirem enfrentar de forma mais adequada essa trajetória do tratamento sem dúvida nenhuma há uma melhor adesão, uma  melhor resposta aos efeitos colaterais muitas vezes, a sensação de que não está só, de que pode contar com o seu médico, de que pode tirar as dúvidas. Isso é um facilitador que tende a diminuir os medos, diminuir as ameaças, a sensação de que você não está sozinho e desamparado e isso tem um efeito muito positivo no tratamento.”

Sentença de Morte

Para a Organização Mundial da Saúde, OMS, o câncer não precisa mais ser uma sentença de morte. Já existem capacidades de reduzir a carga da doença e melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida das pessoas que vivem com o câncer.

Luiz Augusto Maltoni passou por sete meses de tratamento após ser diagnosticado com um linfoma em 2003. Ele conta que na época já tinha uma filha e que com o apoio da família e amigos conseguiu superar a doença. Cinco anos após o diagnóstico, em 2008, Maltoni teve o segundo filho.

“Se eu posso, eu tenho certeza que todos vocês também podem e a gente tem como enfrentar a questão do câncer e eu não queria deixar de lembrar que câncer tem cura.”

Dia Mundial de Combate ao Câncer - depoimento de Luiz Augusto Maltoni

Diagnósticos Precoces

Dados da OMS indicam que os tipos mais comuns de câncer em homens são os do pulmão, de próstata, colorretal, do estômago e do fígado. Já os cânceres de mama, colorretal, pulmão, colo do útero e tireoide são frequentes entre as mulheres.

No mundo, o câncer é responsável por uma em cada seis mortes. Mas de acordo com a OMS, até 50% de todos os tipos de câncer podem ser prevenidos.

A agência da ONU fez um apelo para que todos os países fortaleçam as respostas dos sistemas de saúde para garantir diagnósticos precoces e uma melhora nas chances de sobrevivência de milhares de pessoas que vivem com a doença.

A OMS destaca ainda, que de acordo com estudos atuais, entre 30% e 50% das mortes pelo câncer poderiam ser prevenidas evitando ou modificando fatores de risco. Entre essas medidas estão evitar produtos com tabaco, reduzir o consumo de álcool, manter um peso corporal saudável, se exercitar regularmente além de lidar com fatores de risco relacionados à infecções.

OMS: o câncer de colo de útero  é uma das maiores ameaças para a saúde das mulheres.
OMS: o câncer de colo de útero é uma das maiores ameaças para a saúde das mulheres. , by Foto: Organização Pan-Americana de Saúde

Câncer de Colo do Útero

Todos os anos, mais de 300 mil mulheres morrem por causa do câncer de colo de útero e mais de meio milhão de mulheres são diagnosticas com a doença. Para a OMS, este tipo de câncer é uma das maiores ameaças para a saúde das mulheres.

A agência da ONU destaca que o câncer de colo do útero é um dos mais evitáveis e curáveis, desde que seja detectado cedo e gerenciado efetivamente.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, Opas, o câncer de colo do útero é o terceiro mais comum entre as mulheres na América Latina e no Caribe. A cada ano, mais de 56 mil mulheres são diagnosticadas com este tipo de câncer na região e mais de 28 mil perdem a vida por conta dessa doença.

Para a chefe da Unidade de Doenças Não-transmissíveis da Opas, Silvana Luciani, “é inaceitável que as mulheres hoje morram de uma doença que em grande medida pode ser prevenida”.

O câncer de colo do útero pode ser prevenido por meio da vacinação contra o papiloma vírus humano, HPV. Há mais de uma década, existem vacinas que protegem contra os tipos frequentes de HPV que causam câncer. A Opas recomenda administrar essa vacina a meninas de nove a 14 anos.