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RD Congo: OMS aponta para “alto risco” de transmissão, seis meses após início do surto de ebola BR

Thomas Kakule Manole observa enquanto um sobrevivente do Ebola se preocupa com sua filha de uma semana, Benedicte, em uma tenda de isolamento em um centro de tratamento de Ebola em Beni
© Unicef/UN0264163/Hubbard
Thomas Kakule Manole observa enquanto um sobrevivente do Ebola se preocupa com sua filha de uma semana, Benedicte, em uma tenda de isolamento em um centro de tratamento de Ebola em Beni

RD Congo: OMS aponta para “alto risco” de transmissão, seis meses após início do surto de ebola

Saúde

Agência revela 759 casos da doença e 414 mortes; novos pacientes surgem na fronteira com Uganda, Ruanda e Sudão do Sul; OMS quer garantir que autoridades de países em risco estejam alerta e preparadas para resposta.

O risco de transmissão do vírus de ebola é muito alto na República Democrática de Congo e na região, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS.

Enfermeira prepara uma cama para um paciente com suspeitas de ebola, no Hospital Bwera, na RD Congo.
Enfermeira prepara uma cama para um paciente com suspeitas de ebola, no Hospital Bwera, na RD Congo. Foto: Unicef/UMichele Sibiloni

Esta sexta-feira marca seis meses do início do surto, que já é considerado o segundo com o maior número  de mortes na história do país. São 414 óbitos entre os 759 casos suspeitos e confirmados.

Vigilância

A última atualização da agência, publicada na quinta-feira, destaca que é importante que as províncias congolesas e os países vizinhos reforcem as atividades de vigilância e preparação.

O atual surto afeta áreas do nordeste da RD Congo, na fronteira com o Uganda, o Ruanda e o Sudão do Sul. O risco de transmissão é elevado porque acontecem grande número de viagens de pessoas nas áreas afetadas, no resto do país e nos países vizinhos.

A OMS destaca que a falha em intensificar essas atividades de preparação e vigilância “levaria ao agravamento das condições e permitiria a propagação do vírus”, citando o Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional.

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Preparação

A agência garantiu que continuará o trabalho com países e parceiros de nações vizinhas, para assegurar que as autoridades de saúde estejam alertas e preparadas em nível de operações para responder ao surto.

No total, mais de 70 mil pessoas receberam a vacina experimental contra o vírus, que em termos de gênero foi encontrado em 59% de mulheres pacientes. O outro grupo mais afetado é o de crianças, com 30% do total de casos. Mais de 280 menores de idade ficaram órfãos.

OMS disse haver pessoal adicional para patrulhar centro que trata casos de ébola.
OMS/Lindsay Mackenzie
OMS disse haver pessoal adicional para patrulhar centro que trata casos de ébola.

Dificuldades

A OMS apontou que continuam surgindo casos sem qualquer ligação com os que já foram confirmados, o que mostra as dificuldades no rastreio do vírus no país com uma densidade da população alta e com pouca infraestrutura.

Os perigos enfrentados pelos trabalhadores de saúde incluem a ameaça de ataques de grupos rebeldes e a resistência de comunidades.

Na semana passada um jovem comerciante foi infectado na área de Katwa,  uma terceira província afetada pelo surto perto da fronteira com o Sudão do Sul.

Duas pessoas que tiveram contato com pacientes de ebola também foram encontradas na capital do vizinho Uganda, mas estão livres do vírus.

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