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Cabo Verde é líder regional no combate a novas infecções por HIV em crianças  

Mulheres em Cabo Verde
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Mulheres em Cabo Verde

Cabo Verde é líder regional no combate a novas infecções por HIV em crianças  

Saúde

País lusófono tem programa gratuito que evita transmissão do vírus de mães para filhos; na África Ocidental e Central, apenas 47% de todas as mulheres grávidas que vivem com o vírus da sida tiveram acesso a antirretrovirais.

Cabo Verde lidera o caminho na África Ocidental e Central para eliminar o HIV em crianças nascidas de mães que vivem com o vírus. A Organização Mundial da Saúde, OMS apoia este trabalho junto com os seus parceiros.

O país oferece testes gratuitos a todas as grávidas. Se uma mulher tiver resultado positivo, ela recebe medicamentos antirretrovirais de imediato, que, juntamente com um pacote de serviços durante o trabalho de parto, parto e amamentação, reduzem o risco de transmissão do vírus para os filhos para menos de 5%.

Segundo a OMS, cerca de 1,8 milhão de pessoas se infetam todos os anos e 1 milhão de pessoas morreram em 2017 por causa do vírus da Aids.
Segundo a OMS, cerca de 1,8 milhão de pessoas se infetam todos os anos e 1 milhão de pessoas morreram em 2017 por causa do vírus da Aids., by Foto AFP/ Mujahid Safodien

Medidas

O ministro da Saúde do país, Arlindo Nascimento do Rosário, diz que Cabo Verde dá prioridade a este trabalho porque “toda criança tem o direito de nascer saudável e ter uma vida saudável.”

Segundo a OMS, muitos outros países da região ainda não atingiram o mesmo nível de sucesso de Cabo Verde.

Menos da metade de todas as mulheres grávidas que vivem com HIV na África Ocidental e Central, 47%, tiveram acesso a medicamentos antirretrovirais para prevenir a transmissão para os seus filhos, em comparação com quase 90% na África Oriental e Austral.

Embora tenha havido algum progresso na cobertura de terapia antirretroviral para crianças, que subiu de 18% em 2014 para 26% em 2017, esta região ainda tem a cobertura mais baixa do mundo.

Casos

A OMS conta a história de Leila Rodrigues, que descobriu que era HIV positiva quando estava grávida. Ela diz que ficou “chocada” e que chorou muito. Após uma cesariana e 18 meses de tratamento e supervisão, o seu filho, Emanuel, teve resultado negativo do HIV. Leila diz que “foi o dia mais feliz” da sua vida.

Este trabalho de acompanhamento faz parte do programa da Comissão de Coordenação para o Combate à Sida, CCS-Sida, que inclui assistentes sociais na prevenção da infecção pelo HIV e apoio às pessoas que vivem com o vírus.

A assistente social Augusta Fernandes, que trabalhou com Leila, diz que “o trabalho de proximidade é fundamental para ajudar as famílias e fornecer as informações necessárias para que as mães tenham uma boa qualidade de vida e evitem o estigma e a marginalização social.”

A presidente da CCS-Sida em Cabo Verde, Celina Ferreira, afirma que “em 2014, 2015 e 2016, não houve bebés infectados.” O único caso aconteceu em 2017, mas a responsável explica que foi uma anomalia “porque o tratamento não foi seguido devido a problemas familiares relacionados ao consumo de drogas”.

Em 2017, cerca de 67 mil crianças com entre 0 e nove anos de idade e 69 mil adolescentes com entre 10 e 19 anos foram infectados com o HIV na África Central e Ocidental.
Em 2017, cerca de 67 mil crianças com entre 0 e nove anos de idade foram infectados com o HIV na África Central e Ocidental, by Foto Unicef/ Frank Dejongh

Trabalho

Esta semana, acontece em Dacar, Senegal, uma Reunião de Alto Nível sobre a Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e Cobertura Universal de Saúde do Teste e Tratamento Pediátrico do HIV na África Ocidental e Central

No encontro, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida, Onusida,  o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e a OMS estão pedindo aos países para intensificar a sua resposta entre as crianças.

O coordenador do Programa HIV/Tuberculose/Hepatite no Escritório Regional Africano da OMS, Hugues Lago, diz que a agência “está fornecendo financiamento crucial e apoio especializado para ajudar os países a transformar a sua resposta ao HIV em programas sustentáveis, eficientes e responsivos.” Neste momento, a agência apoia mais de 20 países da África Ocidental e Central.

A OMS diz que a falta de sistemas laboratoriais adequados continua sendo um grande impedimento. Apenas 21% das crianças expostas ao vírus na região são testadas nos primeiros dois meses de vida.

A agência ajuda os países a integrar os seus programas de HIV nos serviços de saúde e a formar os seus profissionais para ampliar o diagnóstico infantil precoce.

O fornecimento de testes e o tratamento em centros de saúde pré-natais, de vacinação e desnutrição, bem como durante campanhas de distribuição de mosquiteiros, também pode ajudar a aumentar o número de diagnósticos precoces.