Diplomatas homenageados na ONU por apoiarem judeus durante o Holocausto

Cônsul português Aristides de Sousa Mendes é um dos que mereceram destaque no evento; dois brasileiros e outro diplomata português integram lista de 36 reconhecidos como Justos entre as Nações pela Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, Yad Vashem.
As Nações Unidas contam, desde esta segunda-feira, com uma exposição sobre alguns dos diplomatas que ajudaram a salvar judeus durante o Holocausto. Beyond Duty, ou Para Além do Dever na tradução em português, ilustra a contribuição de oito homenageados na entrada da sede da organização.
A exibição apresenta uma lista de oito diplomatas reconhecidos como Justos entre as Nações. O então cônsul português, Aristides de Sousa Mendes, é uma das figuras que mereceram destaque no evento que abriu a mostra, com a presença do secretário-geral, António Guterres.
À ONU News, o secretário-geral destacou que o aumento do antissemitismo que se vive atualmente é intolerável.
"Estamos a asssitir em relação ao antissemitismo, e hoje aqui é o Holocausto que nos reúne, estamos a assistir a um aumento dramático do número de agressões, quer a instituições quer a pessoas, pelo simples facto de serem judaicas o que é completamente intolerável."
No total, 36 diplomatas já foram reconhecidos por “terem arriscado a vida, a liberdade ou posição para salvar vítimas do Holocausto” pela Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, Yad Vashem.
Entre os lusófonos estão os diplomatas Carlos Sampaio Garrido, de Portugal, Aracy de Carvalho Guimarães Rosa e Luís Martins de Sousa Dantas, do Brasil. Essa nomeação foi feita por uma comissão especial independente.
António Guterres lembrou que todos devem estar alerta depois de ataques recentes à comunidade judaica.
"O horror do Holocausto não chega para matar este tipo de expressões de ódio, de racismo, de violência e que temos de estar alerta e temos de fazer de tudo para que triunfem os valores de tolerância ,do respeito mútuo, de convivência pacífica entre comunidades, entre grupos humanos, entre civilizações, porque só assim o mundo pode viver em paz."
Os nomes dessas dezenas de cidadãos não-judeus que mereceram a homenagem constam no Jardim dos Justos entre as Nações, no Monte da Recordação, Yad Vashem.
No processo de escolha estão envolvidos historiadores, figuras públicas, advogados e sobreviventes do Holocausto. Eles examinam e avaliam cada caso de acordo com uma série de critérios e regras.
Portugal, Israel e Peru organizaram a exibição que foi oficialmente aberta na sequência de um Memorial sobre o Holocausto que aconteceu na Assembleia Geral das Nações Unidas.
O Dia Internacional Memória das Vítimas do Holocausto, marcado oficialmente a 27 de janeiro, assinalou a libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau que aconteceu há 74 anos.
Este ano, a data também coincidiu com o 75º aniversário do levantamento do cerco de Leninegrado. O bloqueio das forças da Alemanha Nazista à então cidade da União Soviética, actual Rússia, durou 872 dias.