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Nações Unidas reiteram luta contra o antissemitismo, o ódio e a discriminação

Secretário-geral António Guterres e o rabi Arthur Scheider da Sinagoga Park East, em Nova Iorque.
Foto: ONU/Laura Gelbert.
Secretário-geral António Guterres e o rabi Arthur Scheider da Sinagoga Park East, em Nova Iorque.

Nações Unidas reiteram luta contra o antissemitismo, o ódio e a discriminação

Direitos humanos

Sinagoga Park East em Nova Iorque acolheu cerimônia em Memória do Holocausto; secretário-geral destaca que onde há ódio de judeus, o ódio dos outros está também próximo.

Representantes internacionais e sobreviventes participaram neste sábado na Cerimônia de Memória do Holocausto, realizada na Sinagoga Park East, em Nova Iorque. O secretário-geral, António Guterres, disse que as Nações Unidas sempre lutarão contra o antissemitismo e todas as manifestações de ódio e discriminação.

Todos os anos, o Dia Internacional em Memória do Holocausto é marcado a 27 de janeiro. Este ano, a data coincide com os 74 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia. Na segunda-feira, a sede da ONU junta dezenas de convidados para uma reflexão sobre o acontecimento.

Genocídio

Falando na Sinagoga, Guterres disse aos convidados que nunca será esquecido o que aconteceu e nem vai cessar a vigilância para buscar sinais de genocídio em nosso tempo.

O chefe da ONU garantiu que a organização sempre estará na vanguarda do combate ao antissemitismo e ao ódio, além de “fortalecer todas as ações para manter a dignidade humana para todos”.

Acompanhe a mensagem da ONU do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto de 2019

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Em seu discurso, o secretário-geral disse que, há algum tempo, os ataques antissemitas nos Estados Unidos e na Europa estão em ascenção e que existe “um número crescente de judeus teme por sua segurança”.

Nos EUA, os incidentes antissemitas aumentaram 57% em 2017. De acordo com uma pesquisa na Europa, 28% dos judeus na Europa sofreram algum tipo de assédio por serem judeus.

Organizações

O representante da ONU falou ainda de símbolos e slogans nazistas, que continuam se alastrando enquanto “organizações contra o ódio rastreiam centenas de grupos neonazistas, pró-nazistas e supremacistas brancos”.

Ele destacou o recrutamento dos grupos de ódio tendo como alvo os descontentes. A opção nessas buscas é pelas “pessoas com experiência militar, e incentivam simpatizantes a se juntarem às Forças Armadas para obter treinamento em armas.”

Segundo o secretário-geral, estes grupos “defendem os chamados ataques de lobo solitário, exatamente como o de Pittsburgh”. Pelo menos 11 pessoas morreram no ataque a sinagoga do estado norte-americano da Pensilvânia em outubro passado.

Guterres sublinhou que onde há ódio dos judeus, o ódio dos outros também está próximo. Ele destacou haver um “aumento perturbador de outras formas de tolerância em todo o mundo.

Fronteiras

Ele apontou que “ataques contra os muçulmanos estão em ascensão” e que existe uma intolerância que se espalha na velocidade da luz. Falando da internet e das redes sociais, Guterres declarou seu uso “por grupos de ódio para se conectarem com pessoas intolerantes além fronteiras”.

Guterres disse haver um movimento do ódio para as políticas de fundo, e que “à medida que grandes partidos políticos incorporam ideias de grupos marginais, as partes que antes eram corretamente consideradas párias estão ganhando influência.

O secretário-geral disse que não se deve exagerar as comparações com os anos 1930, mas que também não se deve “ignorar as semelhanças” com esse período.

Com a morte gradual dos sobreviventes do Holocausto, Guterres apelou à geração atual a levar esse testemunho para as futuras. Nesse processo, “a educação deve ser ensinada”, instruindo os filhos a amar antes, que os outros os ensinem a odiar.

Guterres declarou que as Nações Unidas estão fortemente comprometidas na vanguarda desse trabalho. Ele mencionou que uma das ações da ONU é o Programa de Extensão sobre o Holocausto com atividades em dezenas de países.