Enviado da ONU diz que assentamentos israelitas “corroem” criação de um Estado na Palestina
Coordenador para o Processo de Paz no Oriente Médio mencionou situação na Cisjordânia; Falando ao Conselho de Segurança, Nickolay Mladenov reafirmou que assentamentos são “ilegais sob o direito internacional”; divisões internas ameaçam processo de paz.
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, informou o Conselho de Segurança que a possibilidade de estabelecer um “estado Palestino viável e vizinho” tem sido “sistematicamente corroída por fatos concretos.”
Mladenov, que é também representante pessoal do secretário-geral para a Organização para a Libertação da Palestina e a Autoridade Palestina, começou sua avaliação detalhando a extensão e o crescimento dos assentamentos israelitas na Cisjordânia.
Assentamentos
O representante lembrou o Conselho a posição de longa data da ONU sobre os assentamentos, que são considerados “ilegais sob o direito internacional” e “um obstáculo à paz”.
Os planos do governo israelita de construir mais 3 mil casas em assentamentos na Cisjordânia contribuem para agravar a tensão.
Ao mesmo tempo, segundo Mladenov, estruturas palestinas foram demolidas e confiscadas em toda a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. As autoridades palestinas carecem de licenças de construção emitidas por Israel, que são “quase impossíveis de obter” por parte dos palestinos.
Divisões internas
O representante disse ainda que “as fundações de um futuro Estado palestino também estão ameaçadas por divisões internas, exacerbadas por décadas de ocupação”. Para Mladenov, as esperanças estão "a enfraquecer a cada dia", à medida que a distância entre Gaza e Cisjordânia aumenta.
A detenção de elementos do movimento Hamas por dezenas de membros do Fatah, em Gaza, no inicio de janeiro, foi descrita por Mladenov como "particularmente alarmante" e um "golpe muito sério no processo de reconciliação".
O enviado especial destacou que são palestinos comuns que suportam o peso do sofrimento, e a situação humanitária em Gaza continua “desesperante”.
A apresentação do enviado foi feita no mesmo dia em que altos funcionários da ONU e ONGs parceiras condenaram a retirada forçada de várias famílias de refugiados palestinos do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.
Em comunicado, esses representantes disseram que a transferência forçada é uma "grave violação da Quarta Convenção de Genebra".
O pedido feito às autoridades israelitas é que "parem de construir os assentamentos e cumpram suas obrigações como potência ocupante sob o Direito Internacional Humanitário e Direitos Humanos Internacionais".