OIT quer mais empenho dos países por um futuro melhor no mundo do trabalho BR

Relatório marca centenário da agência pedindo trabalho universal, proteção social e direito à formação contínua; avanços tecnológicos e transição de economias para modelo mais sustentável trazem desafios e oportunidades; economia verde pode criar 18 milhões de empregos.
A Organização Internacional do Trabalho, OIT, lançou esta terça-feira um relatório que apela ao compromisso dos governos com medidas para enfrentar desafios causados por uma “mudança transformadora sem precedentes” no mundo laboral.
O documento “Trabalhar por um futuro mais brilhante”, em tradução livre, foi produzido pela Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho. O lançamento aconteceu em Genebra coincidindo com os 100 anos da OIT.
Algumas recomendações do relatório são garantir um trabalho universal, a proteção social do nascimento até à velhice e o direito à aprendizagem ao longo da vida.
Falando à ONU News, o diretor do Escritório da OIT em Nova Iorque, Vinícius Pinheiro, disse que o documento destaca fatores como avanços tecnológicos, seus desafios e oportunidades para criar empregos.
“Estes desafios, é importante assinalar, são relacionados com a evolução da economia digital e principalmente a incorporação do mundo da tecnologia no mundo do trabalho. Principalmente quando a gente vive (num período) de robótica e automação. É importante salientar que se nada for feito é provável que essas tecnologias aumentem desigualdades tanto dentro do país como desigualdades regionais entre países e entre os gêneros. As economias de plataforma, elas podem recriar condições de trabalho que são do Século 19. É importante atuar em relação à economia digital.”
O representante apontou que a transição de economias para um modelo mais sustentável pode criar oportunidades.
“O relatório analisa as mudanças que podem ocorrer no mundo do trabalho relacionadas às mudanças climáticas e principalmente à economia verde, que potencialmente poderia gerar cerca de 18 milhões de empregos se ela for bem incluída. Finalmente, os desafios relacionados à mudança demográfica. Em quase todo o mundo a população em idade de trabalhar vai diminuir.”
O estudo destaca que a população juvenil, que está em crescimento em algumas regiões, vai agravar o desemprego dos jovens e as pressões migratórias.
A outra questão é o envelhecimento das populações em outras áreas e a pressão sobre a segurança social e os sistemas de cuidados. O estudo menciona ainda as dificuldades enfrentadas nos esforços para criar trabalho decente.
O relatório destaca que esses desafios se juntam aos que já existem e ameaçam piorar, assim como o alto nível de desemprego e os bilhões de trabalhadores que estão no setor informal.
De acordo com a publicação, cerca de 300 milhões de trabalhadores vivem em extrema pobreza. Milhões de adultos e crianças são vítimas da escravidão moderna. Outros trabalham durante longas horas e milhares de mortes ocorrem em acidentes de trabalho todos os anos.
Outra questão é o estresse no local de trabalho que agravou os riscos à saúde mental e o aumento de salários que não acompanhou o ritmo de crescimento da produtividade. A participação da renda nacional aos trabalhadores diminuiu e aumentou a lacuna entre os ricos e pobres.
O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, frisa que diante de desafios causados pelas novas tecnologias, pelas mudanças climáticas e pela demografia deve haver uma resposta global coletiva às rupturas que estes fatores causam no trabalho.