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Para Bachelet, mundo ainda não está no rumo certo para cumprir objetivos globais sobre a criança BR

A alta comissária dos Direitos Humanos disse que os países ainda não estão no caminho certo para alcançar os aspectos essenciais da Agenda 2030.
Foto: ONU/Jean-Marc Ferré
A alta comissária dos Direitos Humanos disse que os países ainda não estão no caminho certo para alcançar os aspectos essenciais da Agenda 2030.

Para Bachelet, mundo ainda não está no rumo certo para cumprir objetivos globais sobre a criança

Direitos humanos

Pelo menos 60 milhões de crianças menores de cinco anos podem morrer devido a causas evitáveis até 2030; Convenção dos Direitos da Criança foi adotada há quase 30 anos; chefe de Direitos Humanos quer maior ênfase em princípios e  metas desse acordo.

A alta comissária dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet,  abriu esta segunda-feira a 80ª Sessão do Comitê dos Direitos da Criança em Genebra.

Falando no Conselho dos Direitos Humanos, a representante disse que os países ainda não estão no caminho certo para alcançar os aspectos essenciais da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.

Taxa global de mortalidade de menores de cinco anos caiu quase pela metade ao passar de 78 para 41 mortes por cada 1.000 em 2016.
Entre o ano 2000 e 2016, a taxa global de mortalidade de menores de cinco anos caiu quase pela metade. Foto: Ocha/ Charlotte Cans

Progressos

A chefe de Direitos Humanos reconheceu que houve progresso na redução da pobreza e na sobrevivência infantil. Entre o ano 2000 e 2016, a taxa global de mortalidade de menores de cinco anos caiu quase pela metade ao passar de 78 para 41 mortes por cada 1.000. A redução equivale a 50 milhões de crianças salvas nesse período.

Mas a representante destacou que tendo em conta as tendências atuais, mais de 60 países não cumprirão as metas para baixar a mortalidade neonatal prevista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.

Ela disse que 60 milhões de crianças menores de cinco anos podem morrer entre 2017 e 2030 por causas evitáveis. Somente em 2016, cerca de 155 milhões de menores sofriam de desnutrição crônica e apenas 13% dos países estão no rumo certo para atingir a meta.

Bachelet lembrou que “as crianças são particularmente vulneráveis ao tráfico e à escravidão,” incluindo as piores formas de trabalho forçado, de escravidão doméstica, sexual e casamento forçado.

Alto Risco

Ela destacou que, segundo testemunhos de agências da ONU, várias crianças migrantes e deslocadas internas de todas as regiões que estão em alto risco e os números estão crescendo fortemente.

Mais de 20 milhões de pessoas são vítimas de trabalho forçado, incluindo cerca de 5,5 milhões de crianças. A venda de menores para o trabalho forçado aumenta a proporção deles que está envolvida nessa prática é “particularmente alta”.

Dados de 2012 indicam que uma em cada três vítimas identificadas do tráfico era uma criança. Entre estas, quase o dobro era composto por meninas. O tráfico de menores para exploração sexual é muito facilitado pelas tecnologias digitais, que criam novos mercados e agilizam a organização de redes de tráfico.

Segundo o relatório Panorama Social 2018, o número de pessoas vivendo na pobreza em 2017 chegou a 184 milhões
Unicef/UNI103753/Rich
Segundo o relatório Panorama Social 2018, o número de pessoas vivendo na pobreza em 2017 chegou a 184 milhões

Pobreza

Bachelet apontou milhões de meninas que se tornam mães menores de idade, o que  prejudica sua saúde e tornam mais profundo o ciclo de pobreza.

Por outro lado, milhões de crianças são traumatizadas e prejudicadas por conflitos armados sendo “impossível estimar com precisão quantos meninos e meninas são recrutados à força por grupos armados como combatentes ou escravos.”

Monitores das Nações Unidas confirmaram mais de 20 mil vítimas  dessa prática e que “o número total é claramente muito maior”.

Bachelet destacou que milhões de crianças são traumatizadas e prejudicadas por conflitos armados
Bachelet destacou que milhões de crianças são traumatizadas e prejudicadas por conflitos armados. Foto: © Unicef/Thomas Nybo

Trabalho

Para a chefe de Direitos Humanos, esses dados são uma calamidade e “cada um deles representa um precioso indivíduo cujas esperanças  e direitos  estão sendo frustrados.”

Ela disse que ainda há muito a ser feito antes de se perceber os princípios centrais da Convenção que são a não-discriminação, os melhores interesses da criança, o direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento e o direito de ser ouvido.

A Convenção dos Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral de 20 de novembro de 1989. Bachelet disse esperar que seja aproveitado o 30º aniversário do acordo para que seja defendida  maior ênfase nos seus princípios e metas.

 

 

 

Mundo ainda não está no rumo certo para cumprir objetivos globais sobre a criança