Síria: morte de trabalhador humanitário faz parte de "tendência perturbadora"
Coordenador Regional Humanitário para a Crise na Síria lamenta sequestro e assassinato; partes envolvidas no conflito devem garantir segurança de agentes humanitários; 13 milhões necessitam de assistência no país.
O coordenador Regional Humanitário para a Crise na Síria, Mark Cutts, lamentou a morte de um trabalhador humanitário na semana passada na região Idleb, na Síria.
Para o responsável, este sequestro seguido de assassinato evidencia os riscos diários que estes trabalhadores enfrentam em zonas de conflito.
Em setembro, um acordo de cessar-fogo levou à criação de uma zona desmilitarizada entre as forças do governo e partes rebeldes de Idleb, a última parte do país ainda em mãos da oposição e que abriga cerca de três milhões de civis.
Responsabilidade

Cutts afirmou estar "chocado e indignado” com a notícia do sequestro e assassinato de um trabalhador humanitário, explicando que o dever de garantir que os agentes humanitários possam fazer seu trabalho livre do perigo “recai sobre as partes envolvidas no conflito.”
Para ele, tais ataques apenas “perpetuam a crise” das equipes de ajuda e “colocam em risco a continuação de uma operação humanitária que fornece ajuda vital para milhões de pessoas".
O representante destacou que durante os quase oito anos de conflito no país, trabalhadores humanitários e profissionais de assistência foram vítimas de violência e que centenas "foram mortos ou feridos durante o conflito".
Trabalho humanitário
Violência, ameaças e intimidação têm prejudicado o progresso do trabalho humanitário, incluindo numerosos sequestros. Dezenas de assassinatos relacionados a conflitos foram registados somente no ano passado.
Cutts destaca que no noroeste tem havido uma “tendência preocupante” nos últimos meses de aumento de sequestros, extorsão e ataques que afetam os trabalhadores de saúde e a equipe humanitária.
Os números mais recentes de 2018 sobre a segurança dos trabalhadores humanitários mostram que a Síria é o terceiro país mais letal, atrás do Sudão do Sul e do Afeganistão.
Embora tenham sido relatados menos ataques na Síria, o recurso a ataques aéreos causou um aumento de mortes entre os trabalhadores humanitários, com a maioria dos ataques a ocorrer em áreas de acesso severamente restrito às organizações humanitárias.
No ano passado, 139 trabalhadores humanitários foram mortos em diferentes partes do mundo, outros 102 feridos e 72 sequestrados no cumprimento do dever.
As Nações Unidas lembra que mais de 13 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária na Síria e as suas vidas estarão cada vez mais ameaçadas se os trabalhadores humanitários forem impedidos de exercer suas funções.
Cuffs apela, por isso, a que todas as partes envolvidas no conflito “tomem as medidas necessárias” para evitar novos ataques e para garantir sua proteção em todos os momentos.
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