Perspectiva Global Reportagens Humanas

COP24: a Grande Muralha Verde que deve atravessar a África BR

Conflito, clima e crises na economia limitam o acesso aos alimentos.
©FAO/Giulio Napolitano
Conflito, clima e crises na economia limitam o acesso aos alimentos.

COP24: a Grande Muralha Verde que deve atravessar a África

Clima e Meio Ambiente

Iniciativa tem ambição de construir um “muro” de árvores de oeste a leste do continente africano; objetivo é transformar a vida de milhares de pessoas que sofrem com desertificação e mudança climática nas regiões do Sahel e do Saara.

Há mais de uma década um projeto procura devolver a vida às paisagens degradadas da África numa escala sem precedentes. A ambição é construir um muro de árvores de 8 mil km que atravesse o continente de leste a oeste.

A chamada “Grande Muralha Verde” deve ir do Djibuti ao Senegal.
A chamada “Grande Muralha Verde” deve ir do Djibuti ao Senegal., by Foto: FAO/Giulio Napolitano

A chamada “Grande Muralha Verde” deve ir do Djibuti, um país que fica no nordeste da África até à cidade de Dakar, no Senegal. Quando completada, ela será a maior estrutura viva no planeta.

Muro

O muro ecológico está sendo implementado em mais de 20 países e mais de 8 bilhões de dólares foram coletados ou prometidos em apoio ao projeto. A ideia é que o muro transforme as vidas de milhares de pessoas que sofrem com a desertificação e a mudança climática nas regiões do Sahel e do Saara.

De acordo com a ONU, a expectativa é de que ele possa ajuda na solução de muitas ameaças que castigam as comunidades da região, como a seca, a fome, os conflitos e a migração.

Visão

O cientista responsável pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, Barron Joseph Orr, explicou que “a iniciativa representa uma visão que começou há algum tempo”. Nessa altura a questão era se seria possível tentar “lidar explicitamente com a área e mudar tudo, não em um ou dois lugares, mas em todo o horizonte.”

Orr participa da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP24, na cidade de Katowice, na Polônia.

O cientista contou que a intensão inicial era transformar a área em “algo verde”, plantando árvores, mas na verdade o que o projeto tenta fazer é “criar um valor agregado para as pessoas que vivem nessas terras, não apenas plantando árvores, mas fazendo de uma forma ligada à economia que sirva para sustentar a subsistência delas e de futuras gerações."

O reflorestamento e restauração neste cinturão, que se estende por 8 mil km2, estão levando comunidades a plantar árvores resilientes
©FAO/Giulio Napolitano
O reflorestamento e restauração neste cinturão, que se estende por 8 mil km2, estão levando comunidades a plantar árvores resilientes

Mudanças

No Senegal, em menos de uma década, já foram plantadas 12 milhões de árvores resistentes à seca. No Níger, nos 5 milhões de hectares de terra já recuperados são agora produzidas 500 mil toneladas de grãos por ano. Na Etiópia, 15 milhões de hectares de terras degradadas foram reabilitadas.

Para Orr, o “sentimento geral é de que que se está caminhando em direção à meta, que é muito grande, são 100 milhões de hectares de terra que estão sendo recuperados." De acordo com o cientista, a expectativa é de que o projeto esteja concluído até 2030 e que com ele, 10 milhões de empregos verdes sejam criados. 

Parceria

A iniciativa, liderada pela União Africana, teve a colaboração de muitas organizações como o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO, e a ONU Meio Ambiente.

Orr explicou também que além deste projeto no Sahel, a União Africana prevê expandir a iniciativa até o sul do continente e existem também outros projetos semelhantes ao redor do planeta, como um relacionado à Rota da Seda na China.

Inscreva-se aqui para receber notícias da ONU News por email