Estados-membros da ONU adotam Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular
Secretário-geral destaca que momento atual é “produto inspirador de esforços dedicados e dolorosos”; documento não vinculativo deve ser endossado pela Assembleia Geral em 19 de dezembro em Nova Iorque.
Líderes de mais de 150 países adotaram esta segunda-feira o Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular na conferência intergovernamental que acontece em Marraquexe, no Marrocos.
O acordo não vinculativo que pretende administrar melhor a migração nos níveis local, nacional, regional e global, prevê reduzir os riscos e as vulnerabilidades que os migrantes enfrentam em diferentes fases do seu percurso.
Esforços
Falando na abertura da conferência, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres disse que este “momento é produto inspirador dos esforços dedicados e dolorosos”.
Para o chefe da ONU, a migração sempre existiu mas num “mundo onde ela é cada vez mais inevitável e necessária, deve ser bem administrada e segura, e não irregular e perigosa”.
Guterres considera muito mais provável que as políticas nacionais tenham sucesso com a cooperação internacional.
Em todo o mundo existem mais de 260 milhões de migrantes internacionais. Cerca de 80% de pessoas nessa situação se movimentam entre países de forma segura e ordeira.
Movimento
De acordo com as Nações Unidas, desde o ano 2000, mais de 60 mil pessoas morreram enquanto se movimentavam.
Para o chefe da ONU, quando associado ao Pacto Global sobre os Refugiados, o Pacto Global para as Migrações “fornece uma plataforma para ação humana, sensata e mutuamente benéfica”.
Guterres disse reconhecer que alguns Estados não estão em Marraquexe mas espera que estes “vejam o valor do Pacto para suas próprias sociedades” e que se juntem a aqueles que adotaram o acordo que chamou de “empreendimento comum” e que teve “apoio global esmagador”.
O acordo deve ser endossado pela Assembleia Geral da ONU em resolução formal que deve ser adotada em 19 de dezembro em Nova Iorque.
Sociedades
No seu discurso, Guterres disse que os países não devem “sucumbir ao medo ou a falsas narrativas”. O representante destacou que as sociedades são mais fortes, mais resilientes e enriquecidas mas não ameaçadas pela diversidade”.
Segundo ele, essas sociedades não surgem por acaso e que “na medida em que se tornam mais multiétnicas, multireligiosas e multiculturais, os investimentos políticos, econômicos, sociais e culturais são vitais na coesão”.
Para o chefe da ONU, o caminho para combater a atual “onda de racismo e xenofobia” é que cada membro e cada grupo da sociedade se sinta valorizado como tal, e também seja parte da sociedade como um todo.
Guterres defende que as raízes do descontentamento em muitas sociedades devem ser abordadas de uma forma ainda mais ampla e urgente, perante uma rápida mudança e crescentes desigualdades.