ONU promove negociações de paz para o Iémen
Enviado especial da ONU para o país preside processo em Estocolmo; governo e movimento houthi negoceiam condições pela primeira vez em dois anos; em três anos, conflito já matou milhares de pessoas.
Representantes do governo iemenita e do movimento houthi participam a partir desta quinta-feira em negociações de paz. O encontro que decorre em Estocolmo, na Suécia, tem como objetivo acabar com um conflito que dura há três anos.
Até agora, segundo a ONU, milhares de pessoas morreram, mais de 500 mil estão deslocadas e 14 milhões de iemenitas estão à beira da fome.
O Secretário-Geral congratula-se com o inicio das negociações. Em nota emitida pelo seu porta-voz, António Guterres insta as partes a serem flexíveis , a negociarem em boa fé e sem condições prévias.
O Secretário-Geral lembrou ainda às partes do conflito que "um acordo político negociado através do diálogo inclusivo é a única maneira de acabar com o conflito e resolver a atual crise humanitária."
Apoio
O enviado especial do secretário-geral da ONU para o Iémen, Martin Griffiths, preside estas negociações.

No início do encontro, o representante disse estar “consciente de que há muitas decisões difíceis a tomar”, agradecendo às delegações da Arábia Saudita, de Omã e do Kuwait pelo seu apoio para que as negociações acontecessem.
Em declarações a jorn alistas, Griffiths informou que este encontro “marca a retoma de um processo político” dois anos e meio depois da ausência de um “processo político formal.”
Para o representante, este passo “demonstra à comunidade internacional e ao povo do Iémen que as partes se estão a empenhar “numa solução política pacífica para o conflito.”
Negociações
O enviado especial louvou o facto das duas partes terem durante as últimas semanas feito “apelos à redução da violência”, explicando que tal foi fundamental para que as negociações tenham lugar.
Griffith lembra que “a redução da violência e as restrições no campo de batalha tem um impacto significativo na vida dos iemenitas, mas também é um sinal para o povo do Iémen” de que estas negociações têm uma “intenção séria de buscar uma solução política específica.”
O responsável aproveitou para anunciar a assinatura de um acordo sobre o intercâmbio de prisioneiros, desaparecidos, detidos à força e indivíduos em prisão domiciliar, explicando que tal “permitirá que milhares de famílias se reúnam e é o resultado do trabalho muito eficaz e ativo de ambas as delegações,”
Implementação
Martin Griffiths explicou que as partes irão trabalhar “na implementação de um acordo e fazê-lo acontecer”. O enviado anunciou que irá consultar “muitos outros iemenitas experientes e conhecedores” para encontrar “soluções sobre questões específicas que melhorarão a cooperação e reduzirão o sofrimento.”
Para além do acordo sobre os prisioneiros, serão discutidas questões económicas sobre a redução da violência em muitas partes diferentes do país, o acesso ao aeroporto da capital, Sanaa, o acesso humanitário, entre outras medidas
Para além dos membros das delegações, o representante será ajudado por um grupo consultivo composto por oito iemenitas.
O representante acredita que “os próximos dias são um marco” e apelou a todas as partes que trabalhem “com boa vontade, boa-fé, energia e convicção” para “transmitir uma mensagem de paz ao povo do Iémen.”