Brasil e Portugal juntam-se para oferecer aulas de português nas Nações Unidas
Países lusófonos assinam protocolo para que língua seja ensinada em escola da organização em Nova Iorque; secretário-geral esteve presente no evento; aulas começaram com mais de 20 alunos.
Brasil e Portugal assinaram esta quarta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque, um protocolo de cooperação que permite que sejam dadas aulas de português na Escola Internacional das Nações Unidas. O projeto-piloto dirige-se a alunos da escola que desejem aprender a língua em contexto extracurricular.
A cerimônia aconteceu no gabinete do secretário-geral das Nações Unidas, com a presença de António Guterres. O documento foi assinado pelo representante permanente de Portugal junto da ONU, Francisco Duarte Lopes, o representante permanente do Brasil, Mauro Vieira e pelo diretor-executivo da Escola, Dan Brenner.
Sustentabilidade
Em declarações à ONU News, o embaixador brasileiro Mauro Vieira explicou que esta é uma fase inicial do projeto.
“Nós esperamos que com esse primeiro passo, que é o projeto piloto, isso possa se consolidar e haver um número importante de alunos que busquem o ensino do português e que, então, se possa perpetuar a cadeira de língua portuguesa na escola. Seria muito importante, como um instrumento de divulgação da nossa cultura, das artes, da culinária, do turismo, enfim, da forma de ver e sentir o mundo em língua portuguesa.”
O embaixador Francisco Duarte Lopes também falou após a assinatura do protocolo. O representante declarou que a sustentabilidade do projeto é essencial para garantir que sejam alcançados os objetivos do acordo formalizado na organização.
“É especialmente importante por acontecer aqui em Nova Iorque porque é numa escola que tem mais de 1,6 mil alunos vindos de mais de 100 países onde se ensina essencialmente em inglês, mas também em outras nove línguas. O português estava ausente até agora e a partir de agora passará a constar das possibilidades de aulas em regime extracurricular. A nossa esperança é que a partir de próximos anos seja incluída também no currículo da escola.
Comunicação
O embaixador de Cabo Verde junto às Nações Unidas, José Luís Rocha, disse à ONU News que esta iniciativa “traz mais uma pedra no edifício da língua portuguesa”.
Cabo Verde tem até 2020 a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp. Como representante da organização, José Luís Rocha afirmou que o português “deve ser cada vez mais uma língua de comunicação internacional.”
O diplomata acredita que esta iniciativa é “uma combinação muito virtuosa entre multilateralismo multilinguismo, na casa das Nações Unidas, que se reforçam mutuamente.”
Aulas
As aulas que começaram na semana passada e têm mais de 20 alunos inscritos. Decorrem três vezes por semana, a três níveis de aprendizagem diferentes, e os interessados têm idades entre os oito e os 18 anos.
Segundo a Missão de Portugal junto da ONU, estão sendo utilizados métodos de ensino diversificados, com aulas dadas por um professor português em colaboração com uma professora brasileira.
Ainda segundo a representação, as aulas procuram, além de elaborar um currículo, abranger as diversas variantes da língua.

A escola Nações Unidas foi criada em 1947 por um grupo de pais funcionários da organização para implementar um ensino internacional preservando diferentes heranças culturais.
Níveis
Neste momento, a instituição inclui todos os níveis excluindo a universidade em edifício situado em Jamaica, no bairro de Queens, e outro em Manhattan.
De acordo com a escola, os seus “padrões acadêmicos reconhecidos internacionalmente capacitam os alunos para estudar nas melhores faculdades e universidades dos Estados Unidos e do mundo.”
A principal língua de ensino é o inglês e todos os alunos estudam francês ou espanhol. Podem também aprender árabe, chinês, alemão, italiano, japonês e russo.