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OMS: 75% das pessoas que vivem com HIV sabem que estão infetadas

Segundo a OMS, cerca de 1,8 milhão de pessoas se infetam todos os anos e 1 milhão de pessoas morreram em 2017 por causa do vírus da Aids.
Foto AFP/ Mujahid Safodien
Segundo a OMS, cerca de 1,8 milhão de pessoas se infetam todos os anos e 1 milhão de pessoas morreram em 2017 por causa do vírus da Aids.

OMS: 75% das pessoas que vivem com HIV sabem que estão infetadas

Saúde

Segundo a agência, há 37 milhões de pessoas infetadas em todo o mundo; OMS recomenda abordagem integrada para erradicar a doença até 2030; especialista explica caso de Portugal.

Este 1 de dezembro marca o 30º aniversário do Dia Mundial da Aids, ou Sida. O dia foi criado pela Organização Mundial de Saúde, OMS, para aumentar a consciencialização sobre o HIV e a consequente epidemia da Aids.

Segundo a OMS, até hoje, mais de 70 milhões de pessoas foram infetadas, 35 milhões das quais morreram. Atualmente, cerca de 37 milhões no mundo vivem com HIV, dos quais 22 milhões estão em tratamento.

O Dia Mundial de Luta contra a Sida foi comemorado pela primeira vez há 30 anos na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Foto: ONU/Pernaca Sudhakaran
O Dia Mundial de Luta contra a Sida foi comemorado pela primeira vez há 30 anos na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Metas

Em entrevista ONU News, de Genebra, o médico do Departamento de HIV/Sida da OMS, Marco Vitoria, explicou que atualmente cerca de 75% das pessoas que vivem com o HIV conhecem o seu estado serológico, um número que continua aquém das metas estabelecidas.

 “A OMS estabeleceu algumas metas programáticas que visam atingir 90% das pessoas vivendo com HIV conhecem o seu estado serológico, e entre essas pessoas que conhecem o seu estado serológico, 90% delas terem iniciado o acesso ao tratamento com os medicamentos antirretrovirais, 90% dessas pessoas em tratamento a conseguirem atingir uma supressão da carga virológica de forma continuada.”

Diagnóstico

Marco Vitória, médico do Dep. de HIV-Sida da OMS
Marco Vitória, médico do Dep. de HIV-Sida da OMS, Foto: Arquivo pessoal

Por isso, o investimento no teste é fundamental.

“Apesar de uma cobertura de global de 75% em termos de testagem e de 60% em termos de tratamento, cerca de 1,8 milhão de pessoas se infetam todos os anos e 1 milhão de pessoas morreram em 2017 causado pelo vírus da Aids.”

A opinião é partilhada pela diretora do Programa Nacional para a infeção VIH Sida em Portugal, Isabel Aldir.

 

 

Isabel Aldir - Diretora para a área das Hepatites Virais e para a área da Infeção VIH/SIDA e Tuberculose
Isabel Aldir - Diretora para a área das Hepatites Virais e para a área da Infeção VIH/SIDA e Tuberculose, Foto: Arquivo pessoal

“Hoje em Portugal nós temos mais de 90% da população diagnosticada, mas apesar de já termos conseguido este grande objetivo, a realidade é que ainda temos diagnósticos tardios em mais de metade das situações. A doença só é passível de ser diagnosticada se a pessoa realizar um teste, ela pode ser silenciosa durante muitos anos e, portanto, este investimento em propor às pessoas a realização do teste e absolutamente crítico.”

A realização do teste é uma das recomendações da OMS. Isto porque o diagnóstico precoce e a ligação rápida ao tratamento têm um impacto muito importante não só na sobrevida das pessoas, como também na redução da transmissão da doença.

Abordagem Integrada

Mas a OMS lembra que é importante o investimento não só em melhores tratamentos mas também combinar ações de forma a reduzir o número de infeções e com isso ter um impacto positivo na epidemia nos próximos anos.

Para a OMS, um outro desafio passa por reduzir as desigualdades regionais no acesso ao tratamento.

“Algumas regiões do globo ainda enfrentaram epidemias de forma crescente, particularmente, no leste europeu  e na África Subsariana apesar de imensos progressos ainda há áreas em que a infeção ainda não está declinando e existe um número muito grande de mortes causadas pela doença.”

Ainda segundo a OMS, em 2017, 1,8 milhão de pessoas foram infetadas pelo HIV. A comunidade internacional concordou em erradicar a infeção até 2030, mas a agência da ONU afirma que as taxas de novas infeções e de mortes não estão a diminuir como deveriam para ser possível atingir essa meta.