Chefe da ONU pede caminho para solução de dois Estados a Israel e Autoridade Palestina
Secretário-geral e presidente da Assembleia Geral discursaram em evento realizado para marcar Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino; sessão aconteceu na véspera da data marcada a 29 de novembro.
O secretário-geral, António Guterres, disse que há mais de 40 anos, a Assembleia Geral proclamou o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino para “lembrar da tarefa coletiva inacabada de resolver a questão da Palestina.”
O chefe da ONU discursou esta quarta-feira num evento na Câmara do Conselho de Tutela da ONU, em Nova Iorque, sobre a data que se marca em 29 de novembro. A presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, também participou no encontro.
Desafios

António Guterres afirmou que, ao longo das últimas décadas, este tema se tornou um dos desafios mais difíceis da comunidade internacional e que teve “resultados trágicos.”
Segundo ele, atividades como demolições, expansão e construção ilegais de assentamentos, despejos forçados e medidas punitivas coletivas não trarão a paz. O mesmo se aplica para a violência e a incitação.
Ele acredita que “somente negociações construtivas, de boa-fé e que sigam os parâmetros estabelecidos há muito tempo e acordados para uma solução de dois Estados, trarão a solução desejada e duradoura.”
O apelo do chefe da ONU é que todos os envolvidos, em primeiro lugar os líderes de Israel e da Autoridade Palestina tomem medidas ousadas e restaurem a fé na promessa da Resolução 181. O documento estabelece dois Estados, vivendo lado a lado em paz e segurança, com fronteiras baseadas nas linhas de 1967 e Jerusalém como a capital de ambos.
Segundo ele, “essa é a única maneira de alcançar os direitos inalienáveis do povo palestino e a única opção para uma paz compreensiva e justa.”
Gaza
O chefe da ONU disse que os corações de todos estavam “pesados com o sofrimento do povo de Gaza.” Ele pediu que Israel suspenda as restrições ao movimento de pessoas e bens, dizendo que também dificultam os esforços das Nações Unidas e de outras agências humanitárias.
O representante pediu depois ao movimento Hamas, e outros grupos de milícias, que parem de se mobilizar em Gaza, incluindo o lançamento de foguetes e dispositivos incendiários com direção a Israel.
Sobre a violência durante as manifestações na cerca de Gaza, Guterres disse que é motivo de grande preocupação. Para ele, “os palestinos em Gaza têm queixas legítimas e o direito de se manifestar pacificamente”, mas “o Hamas e os líderes das manifestações têm a responsabilidade de impedir ações e provocações violentas.”
Dificuldades
Quanto a Israel, “tem a responsabilidade de exercer a contenção máxima e de não usar força letal, exceto como último recurso contra a ameaça iminente de morte ou ferimentos graves.”
Apesar dessas dificuldades, Guterres disse estar encorajado pela recente redução da violência em Gaza.
O chefe da ONU também elogiou os esforços do governo do Egito e dos principais parceiros, que tentam melhorar a situação humanitária em Gaza, restaurar a calma e apoiar o regresso de um governo palestino legítimo em Gaza.
Para terminar, Guterres afirmou que “as Nações Unidas não hesitarão em seu compromisso com o povo palestino.”

Assembleia Geral
No seu discurso, a presidente da Assembleia geral afirmou que a “solidariedade com o povo palestino não deve ser enraizada apenas em solidariedade.” Segundo ela, “o povo palestino tem direito a mais do que isso.”
María Fernanda Espinosa afirmou que o mundo tem “a obrigação de fazer tudo o que estiver ao alcance para acabar com o pesadelo atual.”
Espinosa explicou que “o estado do povo palestino continua sendo uma cicatriz na consciência coletiva de todos” e existe “a responsabilidade de pressionar uma resolução rápida.”
A responsável destacou depois duas áreas de preocupação e uma área de oportunidade.
Quanto às preocupações, Espinosa mencionou a situação humanitária e o financiamento da Agência da Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa.
Para a presidente da Assembleia Geral, a oportunidade existe com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Segundo ela, com investimento suficiente pode se “ajudar a capacitar mulheres e meninas, ampliar o acesso à educação, criar empregos e meios de subsistência e garantir o acesso a cuidados de saúde.”