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RD Congo: Campanha quer baixar impacto de malária em áreas afetadas pelo ebola BR

Cidade de Beni é alvo de uma campanha contra a malária que a partir desta quarta-feira pretende alcançar mais de 450 mil pessoas
© Unicef/UN064905/
Cidade de Beni é alvo de uma campanha contra a malária que a partir desta quarta-feira pretende alcançar mais de 450 mil pessoas

RD Congo: Campanha quer baixar impacto de malária em áreas afetadas pelo ebola

Saúde

Metade de pacientes analisados em centros que tratam ebola apresenta sintomas de malária; província com mais casos de ebola registra mais de 2 mil pacientes de malária por semana.

A cidade de Beni é alvo de uma campanha contra a malária que a partir desta quarta-feira pretende alcançar mais de 450 mil pessoas. A área é uma das mais afetadas pelo surto de ebola da República Democrática do Congo, RD Congo.

A iniciativa combinando a distribuição de antimaláricos e mosquiteiros tratados com inseticida envolve o governo congolês, a Organização Mundial da Saúde, OMS, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, o Fundo Global e a Iniciativa contra a Malária do Presidente dos Estados Unidos.

Continente africano é o mais afetado, com 94% dos casos e mortes globais
Iniciativa combina a distribuição de antimaláricos e mosquiteiros tratados com inseticida. Foto: OMS

Governo

O aumento nos casos de malária ameaça a saúde dos habitantes do leste, onde profissionais de saúde combatem o décimo surto de ebola que acontece em território congolês. Somente na província de Kivu do Norte, a doença provocou 236 mortos e infectou 365 pessoas desde agosto.

A campanha é inspirada no modelo implementado durante o surto de ebola de 2014 na Serra Leoa. O resultado foi a redução de doenças e das mortes por malária nas áreas afetadas.

Mortes

Para o representante da OMS na RD Congo, é essencial controlar a malária em áreas como o Kivu do Norte, por provocar doenças e mortes especialmente de crianças.

Yokouide Allarangar disse que a iniciativa contra a malária também deve ajudar a reduzir a pressão sobre o sistema de saúde em geral, que atualmente se esforça para proteger as pessoas da ameaça do ebola na região.

Mais de 2 mil casos de malária são diagnosticados por semana no Kivu do Norte, o que sobrecarrega os profissionais que respondem ao ebola. Casos suspeitos do vírus acabam dando positivo para malária porque os primeiros sintomas são semelhantes.

Estima-se que até metade das pessoas analisadas em centros de tratamento de ebola apresentem somente malária.

Unicef quer mais esforços para aumentar a consciência sobre os métodos de prevenção do ebola.
Cidade de Beni é uma das mais afetadas por fatores como instabilidade política, violência, crise de refugiados e o ebola. Foto: Unicef/Thomas Nybo

Centro

Com mosquiteiros tratados com inseticida, a meta é travar a transmissão da malária e dos seus efeitos. Os medicamentos devem tratar os pacientes e reduzir a transmissão da doença nas populações e nos centros de saúde que tratam o ebola.

A RD Congo é o segundo país com mais casos de malária no mundo, depois da Nigéria.

No início de setembro, a província de Kivu do Norte, a mais afetada pelo surto de ebola, teve um aumento de casos de malária que foi oito vezes maior do que a incidência do mesmo período de 2017.

A falta de fundos, os problemas de infraestrutura e a insegurança são os principais obstáculos para o sucesso da intervenção para proteger as populações em risco.

A cidade de Beni é uma das mais afetadas por fatores como instabilidade política, violência, crise de refugiados e deslocados que transformaram o ebola num dos mais complexos e difíceis desafios de saúde pública atuais.