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Conselho de Segurança da ONU discute medidas para crise do Iémen

Neste momento 8 milhões de pessoas sáo assistidas por organizações humanitárias no Iémen.
Unicef Iémen
Neste momento 8 milhões de pessoas sáo assistidas por organizações humanitárias no Iémen.

Conselho de Segurança da ONU discute medidas para crise do Iémen

Ajuda humanitária

Subsecretário-geral para Assuntos Humanitários pede mais apoio aos Estados-membros; ONU defende injeção económica para promover recuperação; chefe do PAM relata situação de catástrofe no país.

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock pediu esta sexta-feira aos membros do Conselho de Segurança que apoiem cinco medidas para evitar uma situação de fome severa no Iémen. 

O representante começou por pedir o fim dos confrontos perto das infraestruturas de ajuda humanitária e mais apoio na proteção de bens alimentares e outros produtos básicos.

Alimentos

Subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários pediu reforço no financiamento às operações humanitárias

Lowcock solicitou a injeção de financiamento na economia do país para pagar salários e pensões, para que as populações possam comprar alimentos e apoiar o comércio local.

Em intervenção no Conselho de Segurança, o subsecretário-geral pediu ainda um reforço no financiamento às operações humanitárias e deixou um apelo às partes beligerantes que trabalhem com o enviado especial da ONU para o Iémen na promoção da paz.

Na sua intervenção, o representante agradeceu a ajuda que a comunidade internacional tem prestado e explicou que a situação só não é pior graças à ação concertada de países e organizações. Neste momento, 8 milhões de pessoas dependem desta ajuda.

PMA

O diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos, PMA, David Beasley, partilhou também com o Conselho de Segurança  a visita de três dias que acaba de fazer ao país.

Beasley explicou que o que viu no Iémen “é um conjunto de pesadelos, de horror, de privação, de miséria”. Segundo ele, o país de 28 milhões de pessoas “sofre há anos, mas agora está à beira de uma catástrofe.”

Economia

Beasley afirmou que se não for injetada liquidez na economia imediatamente “o apoio humanitário não será suficiente para lidar com o colapso que está ocorrendo.

O representante descreveu a situação no Iémen como uma "tempestade perfeita", onde o colapso da moeda, o aumento vertiginoso dos preços dos alimentos e a falta de postos de trabalho faz com que 8 milhões de pessoas tenham perdido o seu sustento.

O PMA estima que o colapso económico do país requer uma injeção de cerca de US$ 200 milhões por mês.  Outra das questões fundamentais que o país precisa é de um maior acesso das organizações para entregar ajuda humanitária em diferentes locais.

Além disso, ele disse que o PAM está à espera da aprovação de 20 vistos de entrada no país para seus funcionários.

Hodeida

Durante sua visita, Beasley observou que certas partes da cidade portuária de Hodeida pareciam uma "cidade fantasma".

Ele disse que “não havia pessoas. É como se fosse um filme arrepiante, em que a cidade estava completamente deserta. Eu só vi cachorros andando pelas ruas "

O representante explicou que em áreas controladas por combatentes houthis dentro da cidade, o PAM entregou aos civis comida suficiente para um mês.

Mortes

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, lamentou a morte de nove civis no início desta semana no distrito de Al Garrahi na província de Hodeida. O grupo tentava deixar a área em busca de um lugar mais seguro.

A agência reiterou sua preocupação com o destino dos civis no Iémen e pediu a todas as partes que forneçam proteção à população afetada pelo conflito.