ONU discute mudanças climáticas e desafios para manter a paz no Sahel
Aumentos de temperatura na região africana devem ser maiores do que no resto do mundo; cerca de 33 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar; pelo menos 4,7 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem de subnutrição aguda.
O Conselho Econômico e Social da ONU, Ecosoc, organizou esta terça-feira um encontro para discutir como as mudanças climáticas vão criar desafios à manutenção da paz do Sahel.
A região africana é uma das mais degradadas a nível ambiental, estimando-se que o aumento de temperatura seja uma vez e meia mais alta do que no resto do mundo.
Desafios

No encontro, a presidente do Ecosoc, Inga Rhonda King, disse que “o Sahel é caracterizado por desafios grandes, complexos e multidimensionais.”
Segundo ela, “a insegurança ainda prevalece e, como resultado de conflitos armados, violência e operações militares, o sofrimento humano e as necessidades humanitárias continuam a aumentar.”
Somente este ano, 4,9 milhões de pessoas foram deslocadas. Cerca de 24 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária em toda a região.
A economia da região depende da agricultura, mas é regularmente atingida por secas e inundações com enormes consequências na segurança alimentar nos habitantes. Neste momento, cerca de 33 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar e 4,7 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem de subnutrição aguda.
Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, Ipcc, de outubro, os riscos de escassez de alimentos no Sahel seriam menores se o aquecimento global fosse limitado a 1,5° C em comparação a 2° C.
O relatório também afirma que os piores impactos devem ser sentidos pelas pessoas que dependem da agricultura, os povos indígenas, as crianças e os idosos, os trabalhadores pobres e os moradores urbanos com menos recursos.
Investimento
No seu discurso, o presidente da Comissão de Manutenção de paz, Ion Jinga, explicou que o encontro era “uma oportunidade para refletir sobre o papel que as Nações Unidas podem ter no desenvolvimento de soluções criativas e inovadoras.”
Jinga afirmou que o Sahel, apesar de suas dificuldades, continua a receber apoio e investimento internacional desadequado. Segundo ele, “o Sahel, mais do que nunca, tem uma necessidade urgente de coordenação, análise e apoio da comunidade internacional.”
Desenvolvimento
Num evento na segunda-feira no Ecosoc, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, também falou sobre este tema.
Segundo ela, “para alcançar a paz e o desenvolvimento sustentável, e passar da ajuda humanitária para a redução e o fim das necessidades humanitárias, deve se enfrentar as causas profundas dos conflitos e crises.”
Amina acredita que estas causas “são encontradas na discriminação, violações de direitos humanos, fraca governança, conflito e o impacto da mudança climática.”