Líbia está presa “num ciclo fútil e destrutivo”, diz enviado da ONU

Falando ao Conselho de Segurança, representante do secretário-geral disse que acordo de paz negociado pela Missão das Nações Unidas começou a ser implementado em Trípoli; no resto do país, 120 pessoas morreram em confrontos em outubro.
O enviado do secretário-geral da ONU à Líbia, Ghassan Salamé, disse esta quinta-feira ao Conselho de Segurança que a “Líbia está presa num ciclo fútil e destrutivo, alimentado por ambições pessoais e riqueza nacional roubada”.
Os 15 Estados-membros do Conselho discutiram em Nova Iorque a situação do país do norte da África. Segundo Salamé, no último mês de combate, morreram 120 pessoas, incluindo 24 mulheres e crianças.
O enviado especial disse que “civis são mortos em combates indiscriminados, terroristas olham para o país como um abrigo depois das derrotas em outros locais, os direitos humanos são violados todos os dias e a próxima geração de líbios está sendo impedida de cumprir seu potencial.”
O representante acredita que a rivalidade entre poderes “está sendo usada como uma desculpa para manter um status quo injusto e volátil, que empobrece os líbios e transforma o país numa fonte de preocupação para os seus vizinhos e outros.”
Segundo ele, “os riscos são demasiado altos para deixar que isto continue”
Salamé afirmou que, apesar da complexidade da crise, a solução é direta. Para ele, “o caminho para a estabilidade exige que os cidadãos liderem o caminho, e os políticos sigam.”
Falando para os representantes dos Estados-membros, o enviado disse que o seu papel é “apoiar os cidadãos na conversa com as suas instituições, pressionar as instituições a ouvi-los e encorajá-las a fazer aquilo que lhes é pedido.”
O representante afirmou ainda que “a unidade da comunidade internacional é crucial para a estabilização do país.”
O informe também destaca alguns progressos. Segundo Salamé, terminou a violência em Trípoli, como resultado do acordo de paz negociado pela Missão da ONU na Líbia, Unsmil.
A capital do país tem sido o centro do conflito que já dura há sete anos. A violência começou após uma revolta que levou ao derrube e morte do ex-líder Muammar Gaddafi em 2011.
Salamé informou que já começou a implementação desses acordos e “existe um sentido de melhoria frágil, mas palpável, em toda a capital.”
Para ele, “o sucesso na capital é crucial, não apenas por acolher a maioria das instituições do Estado e 30% da população, mas porque o seu modelo pode ser usado em outras cidades.”