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Guterres: “Há agora uma oportunidade de paz para o Iémen”

Guterres apelou ao fim da violência “em todos os lugares”, nomeadamente em “áreas densamente povoadas.”
Foto: ONU/Evan Schneider
Guterres apelou ao fim da violência “em todos os lugares”, nomeadamente em “áreas densamente povoadas.”

Guterres: “Há agora uma oportunidade de paz para o Iémen”

Paz e segurança

Secretário-geral da ONU pede fim imediato de combates; apelo à comunidade internacional é que apoie processo de paz; António Guterres quer mais esforços para evitar a pior crise de fome das últimas décadas.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a atual situação do Iémen “não é um desastre natural” mas sim “provocado pelos humanos.”

Em declaração aos jornalistas, na sede da ONU, em Nova Iorque, o líder da Nações Unidas lembrou que o país está “à beira de um precipício.”

Situação humanitária

Crise humanitária no Iêmen é considerada a pior do mundo
Crise humanitária no Iêmen é considerada a pior do mundo, by UNICEF

Guterres considera que do lado humanitário, “a situação é de desespero” lembrando que é preciso fazer tudo o que for possível para evitar que as condições, que já são “terríveis”, se transformem na pior crise de fome das últimas décadas.

O secretário-geral da ONU explicou que na esfera política há “sinais de esperança” e pediu à comunidade internacional que potencie “a oportunidade real de deter o ciclo sem sentido de violência e evitar uma catástrofe iminente.”

Guterres lembra que nos últimos meses a escalada militar e a crise económica severa “tornaram ainda pior” uma situação insuportável, com o  direito internacional humanitário a ser “desrespeitado repetidamente.”

O chefe da ONU informou que organização e parceiros “já alimentam 8 milhões de pessoas no Iémen e que “sem ação urgente, até 14 milhões de pessoas, metade da população, pode estar em risco nos próximos meses. Para evitar uma catástrofe iminente, vários passos são urgentemente necessários.”

Ação

Em primeiro lugar, Guterres apelou ao fim da violência “em todos os lugares”, nomeadamente em “áreas densamente povoadas.”

Ele congratulou-se pelo forte empenho de muitos Estados-membros em juntarem-se “aos repetidos apelos da ONU para o fim das hostilidades” e apoiarem os esforços do enviado especial para o Iémen, Martin Griffiths.

O secretário-geral sublinhou também a necessidade das “importações comerciais e humanitárias de alimentos, combustíveis e outros bens essenciais” poderem entrar no Iémen sem restrições. Para tal, Guterres pediu que as estradas permaneçam abertas, para que “os bens que salvam vidas possam alcançar comunidades em todo o país.”

A urgência da crise humanitária não deixa espaço para complacência - António Guterres

Ainda falando a jornalistas, ele constatou que a “economia iemenita deve ser apoiada”, incluindo através de medidas que permitam “estabilizar a taxa de câmbio e pagar salários e pensões.” Para Guterres, o financiamento internacional deve aumentar para que as agências humanitárias apoiem ainda mais pessoas.

Ao mesmo tempo, para ele é essencial que “as partes iemenitas se envolvam de boa-fé e sem precondições” com o enviado especial da ONU, Martin Griffiths, “para chegar a um acordo político negociado e pôr fim ao conflito.”

Apelo

No final da declaração, Guterres afirmou que “a urgência da crise humanitária não deixa espaço para complacência” e expressou o seu contentamento pelos “recentes anúncios de partes iemenitas mostrando prontidão para retomar as consultas.”

Guterres terminou dizendo que “existe agora uma oportunidade para a paz no Iêmen” e que este momento deve ser aproveitado”. O apelou feito a todos os Estados-membros e a outras partes interessadas que mantenham este ímpeto para avançar para o fim do conflito.