Dia Mundial da Poliomielite: número de casos caiu 99% desde 1988

OMS continua a trabalhar para a erradicação da doença; transmissão endémica continua no Afeganistão, na Nigéria e no Paquistão; vacinação é a melhor forma de combate.
O Dia Mundial da Poliomielite foi instituído há mais de uma década para comemorar o nascimento de Jonas Salk, que liderou a primeira equipa a desenvolver uma vacina contra a doença.
O uso dessa vacina levou à criação da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, Gpei, em 1988, da qual a Organização Mundial de Saúde, OMS, faz parte.
Desde 2013, esta iniciativa global reduziu o número de casos da doença em 99%, de 350 mil para 22 casos relatados em 2017.
Como resultado deste esforço global, mais de 16 milhões de pessoas foram salvas da paralisia.
A poliomielite é uma doença infeciosa incapacitante e potencialmente fatal. O vírus invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em poucas horas.
A transmissão é feita entre pessoas, principalmente através da via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um veículo comum como água ou alimentos contaminados, e multiplica-se no intestino.
Os sintomas iniciais são febre, fadiga, dor de cabeça, vómitos, rigidez do pescoço e dor nos membros. Uma em 200 infeções resulta em paralisia irreversível, geralmente nas pernas. Entre os paralisados, 5% a 10% morrem quando seus músculos respiratórios ficam imobilizados.
A poliomielite afeta principalmente crianças menores de cinco anos de idade.
Não há cura para a doença mas existem vacinas seguras e eficazes. A estratégia para erradicar a pólio é baseada na prevenção da infecção, imunizando todas as crianças.
Na maioria dos países, o esforço global ampliou as capacidades para combater outras doenças infecciosas, construindo sistemas eficazes de vigilância e imunização.
Em 1994, a região das Américas foi certificada livre da pólio, seguida da região ocidental do Pacífico, em 2000, e pela região europeia em junho de 2002.
A 27 de março de 2014, a região sudeste da Ásia foi declarada como estando livre da doença, com a interrupção da transmissão do poliovírus selvagem neste bloco de 11 países que se estende da Indonésia à Índia. Para a OMS, essa conquista representa “um salto significativo na erradicação global”, com 80% da população mundial a viver em regiões certificadas livres da pólio.
Mais de 16 milhões de pessoas podem andar hoje, que de outra forma teriam sido paralisadas. Estima-se que 1,5 milhão de mortes na infância tenham sido evitadas, através da administração sistemática de vitamina A durante as atividades de imunização contra pólio.
As estratégias para a erradicação da pólio funcionam quando são totalmente implementadas. Para a agência da ONU, isso é demonstrado pelo sucesso da Índia em deter a pólio em janeiro de 2011.
A falha na implementação de abordagens estratégicas, no entanto, leva à transmissão contínua do vírus. A transmissão endémica continua no Afeganistão, na Nigéria e no Paquistão. Segundo a OMS, a falha em interromper a pólio nessas áreas pode resultar em até 200 mil novos casos a cada ano, numa década, em todo o mundo.
A infraestrutura de combate à pólio continua a ser crucial para aumentar a resposta inicial aos surtos de doenças na Nigéria
Depois de mais de dois anos sem a deteção do poliovírus selvagem na Nigéria, o país registou quatro casos entre julho e agosto de 2016. Em resposta, o governo declarou o surto uma emergência nacional de saúde pública, seguida pela implementação de atividades suplementares de vacinação em larga escala, com o apoio da OMS. O último caso foi relatado na Nigéria em setembro de 2016.
Já o Afeganistão é o país em que a situação é mais preocupante. Segundo a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, em 2018 foram reportados 16 casos.