Cerca de 883 milhões de pessoas vivem em assentamentos informais

Relatora de direitos humanos considera “um escândalo global” ignorar moradores dessas áreas; número corresponde a mais de um quarto da população mundial que vive em cidades.
A relatora especial* da ONU para o direito à moradia, Leilani Farha, chamou a atenção das autoridades para cerca de 883 milhões de pessoas que vivem em assentamentos informais superlotados. O número corresponde a um quarto da população urbana do mundo.
A especialista considera essa situação “um escândalo global de direitos humanos que os governos devem resolver”.
Em relatório publicado esta sexta-feira, em Genebra, Farha destaca que as condições de vida nos assentamentos informais “são uma das violações mais generalizadas dos direitos humanos no mundo”. Essa situação estaria sendo ignorada pela maioria das pessoas e piorando.
Ela destaca condições desumanas como superlotação, falta de serviços básicos de água e saneamento e total insegurança. O informe destaca que muitos moradores temem que suas casas sejam destruídas.
De acordo com o documento, pelo menos 520 milhões dessas pessoas estão na Ásia. A África Subsaariana tem mais da metade dos moradores urbanos vivendo em assentamentos informais. Na América Latina e Caribe estima-se que 21% de moradores urbanos estejam em assentamentos.
De acordo com o documento as condições geralmente desumanas expõem os moradores a doenças potencialmente fatais.
O relatório fornece exemplos concretos bem-sucedidos de abordagens baseadas nos direitos humanos baseados nas capacidades dos residentes de assentamentos informais para liderar e administrar os processos de melhoria.
No lugar de criminalizar os moradores de assentamentos informais, o relatório propõe que eles sejam reconhecidos e apoiados.
O documento propõe ainda que seja substituído o termo “favelas”, da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável por “assentamentos informais” por estar mais próximo de uma abordagem baseada em direitos humanos à moradia.
Para Leilani Farha, “favela” é um termo pejorativo e estigmatizante e, em geral, levou a políticas que levou os moradores dessas áreas a serem vistos como problema e não como comunidades que precisam de apoio.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pela sua atuação.